Bloomberg Línea — O governo uruguaio autorizou a importação de carne com osso do Brasil, como o asado, corte mais tradicional para os uruguaios. A decisão visa reduzir os custos de varejo em meio à inflação que, nos período de 12 meses encerrado em maio foi de 9,37%, seu maior nível anual desde março, após uma aceleração no início do ano.
O ministro da Pecuária, Fernando Mattos, explicou que o acesso da carne uruguaia a mercados que pagam valores altos tem como “lado negativo” o aumento do preço para o consumidor local. Com isso, o governo é a favor da importação de produtos que tenham status sanitário que proporcionem o acesso a um preço mais baixo.
“Devido à maior participação dos agentes comerciais nas importações, podemos ter um benefício, que também buscamos como governo, que é ter um produto de qualidade que também seja mais barato para a população”, disse Mattos. “Não há restrição de volume; isso será determinado pelo mercado”, acrescentou ele.
Além de reduzir o custo de varejo, as autoridades esperam liberar o volume de carne uruguaia para exportação. Importar carne mais barata e poder exportar para mercados mais exigentes é um benefício que os países desenvolvidos da indústria da carne aproveitam há bastante tempo”, disse o ministro.
Preço
O presidente da União dos Vendedores de Carnes, Alfonso Fontenla, disse à Bloomberg Línea que foi informado de que a carne brasileira chegaria ao Uruguai a um preço 20% inferior ao mercado local, portanto “é uma boa diferença par seduzir o consumidor e oferecer outra opção”.
O quilo do asado no Uruguai varia entre US$ 6,30 e US$ 12,60 pesos nos açougues, dependendo de sua qualidade e dos pontos de venda, explicou o empresário.
“É uma medida destinada a melhorar os preços no mercado doméstico e ao mesmo tempo tentar impulsionar um pouco mais a venda de carne no balcão. Estas são medidas bem-vindas”, disse Fontenla.
O preço de referência do boi gordo no Uruguai é de US$ 5,42 por quilo, de acordo com a Associação de Consignatários de Gado.
Segurança sanitária
A resolução foi assinada em 23 de junho, e cerca de 40 empresas importadoras puderam começar a encomendar os produtos no dia seguinte.
Os frigoríficos também foram autorizados a importar carne estrangeira para distribuição no mercado interno. Essas empresas, que também são exportadoras, só poderão colocar carne importada do Brasil no mercado interno. Mattos insistiu que uma maior concorrência entre os importadores também tende a favorecer um preço de varejo mais barato.
O pedido de autorização de importação foi apresentado ao Poder Executivo tanto pelo setor privado quanto pelo governo do Brasil depois que alguns estados consolidaram um status sanitário superior ao do Uruguai por estarem livres da febre aftosa sem vacinação, disse o ministro da Pecuária. Os estados que atingiram esse status foram Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Rondônia. O Uruguai está livre da febre aftosa com vacinação.
O volume de gado nestes estados é de 50 milhões de cabeças, disse Mattos.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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