Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada e ampliada da nota publicada originalmente às 5h49)
A agenda está repleta de dados macroeconômicos, mas o grande e indiscutível protagonista é o deflator do Consumo Privado (PCE) dos Estados Unidos. Este indicador de inflação orienta o Federal Reserve (Fed) nas suas decisões de política monetária.
Cautelosos, os mercados recuam na Europa e nos EUA. Os contratos futuros atrelados aos índices norte-americanos são negociados com quedas importantes. Se o índice de referência S&P 500 recua hoje, encadeará a quarta queda consecutiva, acentuando a tendência baixista do mercado (bear market). O índice europeu Stoxx 600 chegou a perder mais de 2%.
Ao mesmo tempo, os títulos do Tesouro americanos de 10 anos e seus equivalentes europeus recuperam valor. Uma perspectiva macroeconômica pouco alentadora afeta o custo de proteger os títulos europeus contra a inadimplência, ao ponto de, nesta quinta-feira, a cifra ter ultrapassado 600 pontos base pela primeira vez em dois anos, uma alta não vista desde abril de 2020.
O movimento é uma reação aos avisos dos chefes dos principais bancos centrais do mundo sobre a inflação, o que reacendeu os temores de uma recessão econômica entre os investidores.
O mercado aguarda ansioso pela bateria de dados macroeconômicos para inferir como será a política monetária daqui por diante. Com juros continuamente mais elevados, a avaliação geral é de que a recessão é uma possibilidade cada vez mais difícil de evitar.
→ Fatores que movem os mercados hoje
🌪️ Ventos cruzados. Espera-se para o deflator PCE um acréscimo em torno de 6,4%, ligeiramente acima dos 6,3% anotados anteriormente. Os ventos da inflação sopram em direções contrárias e têm deixado até os presidentes dos mais proeminentes bancos centrais à deriva. O últimos dados inflacionários da Europa, por exemplo, vieram contraditórios: enquanto na Alemanha os preços ao consumidor retrocederam de 7,9% em maio para 7,6% na leitura preliminar de junho, na Espanha acusaram a maior alta desde 1985, passando de 8,7% para 10,2% no período.
🗂️ Pano para manga. Outros indicadores que, combinados com os de inflação, dão muito material para análise da conjuntura são os de emprego, que saem hoje em vários cantos do mundo. Darão uma ideia de como a inflação galopante e a retirada de liquidez por parte dos bancos centrais estão afetando a economia real. Os dados sobre a renda e gastos dos consumidores norte-americano também estão no radar.
→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Presidentes dos maiores BCs do mundo buscam respostas
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+0,27%), S&P 500 (-0,07%), Nasdaq Composite (-0,03%), Stoxx 600 (-0,67%), Ibovespa (-0,96%)
Nos Estados Unidos, a volatilidade marcou a jornada e o mercado de ações teve dificuldade em encontrar uma direção, com operadores avaliando comentários de membros do Federal Reserve sobre as perspectivas para a economia e as taxas de juros.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• EUA: Índice de Preços PCE/Mai; Renda e Gastos do Consumidor norte-americano, Pedidos iniciais de Seguro-Desemprego, PMI de Chicago/Jun
• Europa: Zona do Euro (Taxa de Desemprego/Mai); Alemanha (Vendas no Varejo/Mai, Preços de Bens Importados, Taxa de Desemprego/Jun); França (IPC, IPP); Reino Unido (PIB/1T22, Investimento das Empresas/1T22, Índice de Preços de Imóveis Nationwide/Jun)
• Ásia: Japão (Encomendas de Construção/Mai, IPC - Tóquio/Jun, Taxa de Desemprego/Mai), Hong Kong (Vendas no Varejo/Mai)
• América Latina: Brasil (Índice de Evolução de Emprego do CAGED/Mai, Taxa de Longo Prazo TLP, Taxa de Desemprego, Balanço Orçamentário/Mai; Empréstimos Bancários/Mar); Argentina (Atividade Econômica/Abr); México (Balanço Fiscal/Mai)
• Bancos centrais: Discursos de Christine Lagarde (presidente do BCE) e de Andrea Enria (BCE)
📌 Para amanhã:
• Sexta-feira: CPI da Zona Euro; gastos com construção nos EUA, Índice ISM de Manufatura