Como estes CEOs casados promovem a diversidade no mercado tech da América Latina

Executivos-chefes das startups mexicanas Clara e Casai defendem políticas de RH mais inclusivas

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Bloomberg Línea — Não deveria ser assim apenas no mês do orgulho. “Não devemos fazer um rainbow washing [fantasiar uma empresa como diversa]”, diz Nico Barawid, CEO da Casai, uma startup mexicana de estadia no modelo Sonder focada na América Latina.

“As empresas tentam usar este mês para atualizar seus logotipos com as cores do arco-íris, mas não fazem mais nada. Mais duradouro do que mudar seu logotipo é garantir que suas políticas de recursos humanos sejam inclusivas”, disse Barawid, em entrevista à Bloomberg Línea.

O executivo conta que as empresas deveriam incluir benefícios para um parceiro do mesmo sexo e que as políticas de RH inclusivas atraem um grupo maior de candidatos, o que também é bom para o negócio.

“Discriminar em qualquer base exclui uma fonte potencial de talento. É um impacto nos negócios, não apenas um impacto na cultura ou na diversidade, porque você está sistematicamente excluindo um grupo de pessoas.”

Segundo Barawid, a Casai busca abraçar a diversidade desde o início. “Acredito que esse seja um dos fatores responsáveis pelos nossos números significativos, mesmo em fase inicial.” A empresa tem 52% de homens, 47% de mulheres, 1% não-binário e 23% de pessoas da comunidade LGBTQIA+.

Barawid e Gerry Giacomán, CEO da provedora de cartões corporativos Clara, se conheceram em São Francisco e começaram a namorar.

“Gerry tinha fundado uma empresa antes de ir para a escola de negócios e tinha o empreendedorismo em sua formação. De muitas maneiras, foi ele que me empurrou para ser um empreendedor bancado pelo capital de risco”, disse Barawid.

O casal de empreendedores se mudou para a Cidade do México para viver juntos e a Casai nasceu em 2019, um ano antes que a Clara. Foi a vez de Barawid empurrar Giacomán a ingressar no caminho empreendedor e lançar a fintech. “Incentivamos muito a carreira um do outro”, disse.

Apoio para a carreira

Barawid começou sua carreira como associado do Boston Consulting Group (BCG) em 2013, seu primeiro emprego fora da faculdade. “Eu fui totalmente aberto sobre minha orientação sexual durante o recrutamento. No primeiro dia em que abri meu computador, havia um e-mail dizendo bem-vindo ao BCG e bem-vindo ao grupo do orgulho. Desde o primeiro dia, fui apoiado por mentores, chefes e pelo ambiente de trabalho”, disse.

Depois de morar em São Francisco, uma cidade aberta a políticas de diversidade, Barawid fundou a Casai no México e contou que não achava que deveria esconder parte de sua identidade.

“Comecei desde o primeiro dia como CEO sendo totalmente eu. Sei que vim de uma posição de privilégio para poder fazer isso. Ser eu mesmo desde o primeiro dia influenciou a cultura de diversidade na Casai. E para mim isso abriu meus olhos como, uau, eu realmente sou um CEO abertamente gay na América Latina, onde você sabe… obviamente, a Cidade do México e São Paulo são cidades muito progressistas, mas ainda na América Latina temos que construir um local de trabalho que lidere a região em diversidade”.

Barawid diz que, como CEO, ele já se sente pressionado a entregar números altos para os acionistas e, como parte da comunidade LGBTQIA+, sente a pressão de garantir que não esteja contribuindo para o tipo de discriminação que talvez as pessoas tenham experimentado em outros locais de trabalho.

“Muitas pessoas se sentem nervosas para empreender. Elas não sabem o que o futuro reserva, e isso é especialmente verdadeiro para grupos sub-representados que tendem a ter padrões muito altos para si mesmos e tentam provar a si mesmos para a família, o que muitas vezes podem levá-los a deixar de iniciar uma empresa. Empreendedores da comunidade LGBTQ+ e outras comunidades sub-representadas devem dar o salto e haverá muito apoio do outro lado para empreendedores diversos.”

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