Bloomberg — Em fevereiro de 2019, um grande navio cargueiro que navegava para Nova York identificou uma invasão cibernética a bordo que assustou a Guarda Costeira dos EUA. Embora o ataque de malware não tenha chegado a controlar o movimento da embarcação, as autoridades concluíram que defesas fracas expunham funções críticas a “vulnerabilidades significativas”.
Um desastre marítimo não aconteceu naquele dia, mas desde então o comércio global enfrenta uma crescente ameaça: a pirataria cibernética capaz de penetrar nos modernos sistemas de bordo que substituíram as antigas formas de condução, propulsão, navegação e outras operações importantes dos navios. Esse avanço na capacidade dos hackers pode causar enormes danos econômicos, principalmente agora, quando as cadeias de suprimentos já estão estressadas com a pandemia e a guerra na Ucrânia, alertam especialistas, incluindo um alto funcionário da Guarda Costeira americana.
“Cada vez mais incidentes estão acontecendo, e os hackers estão entendendo melhor o que podem fazer depois de assumirem um sistema de tecnologias operacionais”, disse Rick Tiene, vice-presidente da Mission Secure, uma empresa de segurança cibernética nos EUA. “No caso do transporte marítimo – sejam os portos ou os próprios navios – há uma quantidade enorme de coisas que podem ser feitas para prejudicar tanto a rede quanto as operações físicas”.
O contra-almirante Wayne Arguin, comandante assistente da Guarda Costeira americana para políticas de prevenção, disse que o transporte marítimo enfrenta riscos cibernéticos semelhantes aos de outras indústrias - só que com muito mais em jogo, já que quase 80% do comércio global se move pelo mar. “Todos os dias as redes estão sendo testadas, o que realmente reforça a necessidade de ter um plano”.
“Um ataque pode realmente estressar o sistema”, disse Arguin em entrevista. “Quando você combina isso com a sensibilidade das interrupções na cadeia de suprimentos, isso tem o potencial de ser devastador para o sistema de transporte marítimo.”
Isso inclui não apenas operadoras de navios, mas também terminais portuários e os milhares de elos logísticos em cadeias globais de suprimentos cada vez mais interconectadas.
Os hackers já atingiram grandes operações de logística várias vezes este ano. O Jawaharlal Nehru Port, o porto de contêineres mais movimentado da Índia, sofreu um ataque de ransomware em fevereiro. Um ataque direcionado à Expeditors International de Washington, uma grande empresa de transporte de mercadorias, paralisou seus sistemas por cerca de três semanas e levou a despesas de US$ 60 milhões. A Blume Global, uma empresa de tecnologia de cadeia de suprimentos na Califórnia, disse no início de maio que um incidente cibernético tornou sua plataforma de gerenciamento de ativos temporariamente inacessível.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também