Mercados operam voláteis com inflação e bancos centrais na pauta

Futuros de índices nos EUA foram de mais a menos no começo da manhã, enquanto na Europa bolsas já abriram no vermelho

As variáveis que orientarão os mercados
29 de Junho, 2022 | 08:42 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada e ampliada da nota publicada originalmente às 7h00)

Cautela nos negócios, volatilidade nas cotações. Esta deverá ser a tônica da jornada de hoje, que terá dois componentes explosivos: fala de chefes dos mais notórios bancos centrais e, claro, inflação. Hoje, fecham o evento do Banco Central Europeu (BCE) em Portugal a dirigente desta instituição, Christine Lagarde, e o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Andrew Bailey, à frente do Bank of England (BoE), também se pronuncia.

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Os futuros de índices dos EUA, que haviam subido no início do dia, não conseguiram se manter no azul. As ações europeias romperam uma sequência de três dias de ganhos, com o sentimento, além da inflação, afetado também pelo fato de que a China continua comprometida com sua política de “Covid zero”.

No mercado de títulos, os bônus do Tesouro norte-americano ganhavam valor, enquanto os títulos de referência europeus seguiram pelo mesmo caminho.

O petróleo bruto West Texas Intermediate subia acima de US$112 por barril, para sua quarta sessão de ganhos. No mercado de criptodivisas, o Bitcoin era negociado abaixo da barreira dos US$ 20.000.

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→ Alguns dos fatores que movem os mercados

👀 Olhos e ouvidos em Powell. Se o líder do Fed já atrai a atenção do mercado em dias normais, hoje deve ganhar ares de celebridade. Isso porque a forte queda do índice do Conference Board de confiança do consumidor trouxe nuvens carregadas. O indicador de junho caiu para o pior nível em mais de um ano. As perspectivas sombrias dos consumidores têm uma razão bem conhecida: inflação.

💸 A vilã do poder de compra. O mercado aguarda ansioso pelo deflator PCE dos EUA, que será divulgado amanhã. Este é o indicador de inflação que o Fed utiliza para suas decisões de política monetária. O mercado financeiro vive um grande dilema e não consegue um consenso para suas apostas: de um lado, uma inflação persistentemente elevada danifica o custo de vida e, de outro, o uso de uma política monetária mais restritiva pode trazer recessão. Entre bancos centrais, a principal linha de combate contra a inflação tem sido com o aumento de juros. Mas carregar a mão no custo do dinheiro pode sufocar as economias já afetadas pela erosão do poder aquisitivo e por problemas nas cadeias de abastecimento.

🇪🇸 Sem trégua. A inflação espanhola subiu inesperadamente a um novo recorde, contrariando as expectativas de que os preços na quarta maior economia da Zona do Euro tivessem atingido um pico. O IPC preliminar de junho subiu +10,2% na comparação anual, contra estimativas de +8,8% e a leitura de +8,7% em maio. Com dados desta magnitude, o BCE se vê forçado a aplicar aumentos significativos nas taxas de juros. Mais tarde sai o índice de inflacionário alemão.

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→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Inflação dos alimentos: alívio à vista?

Cautela ante fala de banqueiros centrais e dados de inflação
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-1,56%), S&P 500 (-2,01%), Nasdaq Composite (-2,08%), Stoxx 600 (+0,27%), Ibovespa (-0,17%)

O impulso do relaxamento de algumas restrições da política de Covid zero na China teve curta duração. No final, o humor do mercado foi afetado pelo índice do Conference Board. A confiança dos consumidores caiu para 98,7, de uma leitura para baixo de 103,2 em maio, o nível mais baixo em 16 meses. As expectativas dos consumidores para um horizonte de seis meses retrocederam para o pior patamar em quase uma década. Durante a sessão, as ações de tecnologia lideraram a queda.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: PIB/1T22, Gasto dos Consumidores/1T22, Pedidos de Hipotecas - MBA, Atividade das Refinarias de Petróleo pela EIA

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Europa: Zona do Euro (Empréstimos ao Setor Privado, Confiança de Empresas e Consumidores/Jun; Clima de Negócios/Jun, Expectativas de Inflação ao Consumidor/Jun); Alemanha (IPC/Jun); Reino Unido (Crédito ao Consumidor BoE/Mai, Empréstimos Hipotecários/Mai); Espanha (IPC, Vendas no Varejo)

Ásia: Japão (Índice da Confiança Entre as Famílias/Jun), Produção Industrial/Mai); China (PMI Composto)

América Latina: Brasil (IGP-M, Empréstimos Bancários/Mar)

Bancos centrais: Discursos de presidentes em evento do Banco Central Europeu: Christine Lagarde (BCE), Jerome Powell (Fed) e Andrew Bailey (BoE). Loretta Mester (Fed Cleveland), James Bullard (Fed St Louis) e Luis de Guindos (BCE) também têm previstos pronunciamentos

📌 Para a semana:

Quinta-feira: EUA: Deflator de Preços PCE/1T22, Renda do Consumidor norte-americano, Pedidos iniciais de Seguro-Desemprego

Sexta-feira: CPI da Zona Euro; gastos com construção nos EUA, Índice ISM de Manufatura

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.