Bloomberg — O Credit Suisse (CS) aumentou a posição aplicada em juros reais de médio prazo no Brasil, com o risco de inflação mais alta à frente passado o efeito das medidas que desoneram os combustíveis.
A possibilidade de um fim “prematuro” para o aperto monetário do Banco Central, a volatilidade da eleição e a incerteza sobre a estratégia do Federal Reserve também fortalecem o cenário de uma inflação mais pressionada, disse Luciano Paiva, responsável pela estratégia macro e alocação de ativos de fundos do Credit Suisse.
A instituição ampliou nas primeiras duas semanas de junho a posição em NTN-B 2023 e 2024 depois de passar praticamente todo o primeiro semestre sem alterar a alocação em juros reais.
“Nossa visão é de que a inflação deste ano será dois pontos abaixo do que deveria ser só por conta de medidas do governo e que isso não é sustentável no horizonte de 18 ou 24 meses à frente”, diz. “As implícitas de 2023 e 2024 têm espaço para corrigir para cima depois da queda recente.”
Segundo Paiva, a alta das implícitas de um e dois anos também deve ser motivada pelo aumento do prêmio de risco sobre os ativos domésticos gerado pela incerteza com o aperto do Fed e a volatilidade da discussão eleitoral.
No exterior, ele identifica que uma alta mais forte pelo Fed é um risco inflacionário pelo canal do câmbio. Por aqui, um debate negativo sobre o arcabouço fiscal durante as eleições pode aumentar o prêmio dos ativos e pressionar a inflação esperada pelo mercado.
Paiva avalia que outro risco de alta para a inflação é o Copom interromper o aperto de forma prematura, sem a convicção plena de que conseguiu dar a “dose de remédio total” para fazer o IPCA convergir à meta. As medidas do governo para diminuir preços de combustíveis não impactam núcleo ou serviços e as expectativas de inflação não foram reancoradas, afirma Paiva.
Ele diz que o BC está disposto a interromper o ciclo e que terá argumentos para acabar o aperto se as taxas de inflação divulgadas em julho e agosto surpreenderem as suas estimativas.
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