Bloomberg — A pior seca em 40 anos na Etiópia, a segunda nação mais populosa da África, começa a reverter décadas de progresso feito no combate ao casamento infantil e à mutilação genital feminina em áreas do país, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Nos primeiros quatro meses deste ano, os casamentos infantis quase triplicaram na província somali da Etiópia em comparação com o mesmo período do ano passado e, em média, mais que dobraram em três províncias, disse a Unicef em comunicado nesta quarta-feira (29), citando dados locais.
Famílias pobres estão trocando crianças do sexo feminino por dinheiro e porque “é uma boca a menos para alimentar a família”, disse Andy Brooks, conselheiro de proteção infantil da Unicef para a África, em uma entrevista. “Estas não são decisões que as famílias estão tomando de forma fácil.”
Meninas de até 12 anos são forçadas a se casar com homens cinco vezes mais velhos e há também um aumento na mutilação genital feminina, que ele Brooks diz ser um “pré-requisito” para o casamento.
Antes desta “virada” neste ano no número de casamentos infantis, 40% das meninas na região já se casavam com menos de 18 anos, em comparação com 70% há três décadas. A mudança também vem acompanhada da desistência de milhões de crianças da escola.
A seca severa se estende por vários países do continente africano, incluindo nações como Quênia e Somália, que têm sofrido sucessivamente com a falta de chuvas.
– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.
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