Como o Brasil se tornou um dos maiores mercados de NFTs

Segundo estudo de empresa alemã, cinco milhões de brasileiros se renderam aos tokens não-fungíveis, deixando o país atrás apenas da Tailândia

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Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin

São Paulo - Uma pesquisa publicada, em junho de 2022, pela empresa alemã Statista, focada em dados de mercado, intitulada Statista Digital Economy Compass 2022, apontou o Brasil como uma das maiores referências mundiais quando o assunto são tokens não-fungíveis (NFTs, na sigla em inglês). Segundo o estudo, o País é o segundo no ranking com mais NFTs, sendo cinco milhões de brasileiros que possuem um desses tokens. Nesse cenário, fica atrás só da Tailândia, que tem 5,65 milhões.

“O brasileiro é conhecido mundialmente por adotar rapidamente tecnologias. Se olharmos os rankings de uso de apps ou redes, o Brasil sempre está entre os primeiros lugares”, diz Rafael Franco, executivo da Alphacode e que atua no mercado de tecnologia há 20 anos. “Estamos em um momento muito parecido com o da internet no fim dos anos 1990″.

Hoje, olhando para os mercados periféricos, percebe-se que há uma grande adesão aos NFTs principalmente por conta do chamado play-to-earn (jogue para ganhar) dentro do mercado de jogos. “É interessante notar como houve uma expansão interessante de games que recompensam o jogador com criptoativos, como o Axie Infinity”, diz Alberto dos Santos Júnior, pesquisador de marketing pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Isso acabou colocando pessoas, mesmo de baixo poder aquisitivo, na roda do mercado de criptoativos”.

Para a Statista, colecionáveis em NFT ainda são as principais forças por trás do crescimento do mercado, respondendo por 80% do volume negociado até o final de 2021. No entanto, o estudo destaca que a indústria de games e o desenvolvimento de metaversos descentralizados também começam a impactar o segmento, ganhando força na adoção, o que também pode fazer com que países como Brasil e Tailândia mantenham esse ritmo.

Futuro do NFT no Brasil

Olhando para a frente, especialistas veem muitas possibilidades no uso da tecnologia. Para Franco, o mercado está engatinhando e esse número, de cinco milhões de brasileiros com NFTs, deve aumentar. “Na minha visão, o mercado de NFT nem começou no Brasil”, diz. “O cidadão médio ainda não entendeu o que é essa tecnologia e qual sua utilidade. Dificuldade de acesso às plataformas ainda é um fator que dificulta a adoção”.

Depois, deve-se perceber que os criptoativos passam por uma correção no momento, com investidores avessos aos riscos. No entanto, para especialistas, é na baixa que o NFT pode mostrar todas suas possibilidades, incluindo no Brasil.

“Estamos em um momento forte em que todo o mercado cripto vive seu ‘inverno’. Com NFT não é diferente. Acredito que vamos ter uma queda considerável no volume de transações em 2022″, afirma Santos Júnior. “Só que os NFTs mostram que são mais do que investimento. Podem ser passes para experiências, por exemplo, ou algum diferencial no metaverso. E isso vai trazer mais impacto no Brasil”.