Bloomberg — O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, não esperou a reação do presidente Joe Biden depois que a Suprema Corte dos EUA revogou a decisão Roe vs. Wade de 1973, tirando o direito constitucional das mulheres nos Estados Unidos de fazer um aborto. Nem Justin Trudeau, do Canadá. Ambos abandonaram as sutilezas diplomáticas para expressar sua consternação. O presidente francês Emmanuel Macron seguiu na mesma linha.
As notícias que saem dos Estados Unidos são horríveis. Meu coração está com os milhões de mulheres americanas que agora estão prestes a perder seu direito legal ao aborto. Não consigo imaginar o medo e a raiva que você está sentindo agora.
— Justin Trudeau (@JustinTrudeau) 24 de junho de 2022
Todos os quatro estão nos Alpes da Baviera, na Alemanha, neste fim de semana para a cúpula do Grupo dos Sete, onde o foco principal é o que fazer com a Rússia quatro meses após a invasão da Ucrânia. Mas a bomba política que acabou de cair nos EUA imediatamente trouxe comentários além das fronteiras americanas.
O primeiro-ministro do Reino Unido, enfrentando seus próprios problemas em casa, comentou: “Acho que é um grande retrocesso”, disse em entrevista coletiva durante uma visita a Ruanda, na África. É incomum que qualquer líder britânico fale criticamente dos EUA, dado o quanto o Reino Unido valoriza seu “relacionamento especial”, particularmente para se aprofundar em assuntos domésticos.
Johnson é o primeiro primeiro-ministro católico do Reino Unido após sua conversão no ano passado. Ele disse que a decisão dos EUA “tem impactos maciços no pensamento das pessoas em todo o mundo”. Trudeau, que também esteve em Kigali com Johnson para uma reunião, definiu o evento como um “revés devastador”.
Biden, um católico que frequenta a igreja, concordou algumas horas depois, dizendo que os EUA agora se consideram como fora do padrão.
Entre as contrapartes do G-7, os EUA são agora a nação com algumas das restrições mais rigorosas aos direitos reprodutivos das mulheres. O aborto foi legalizado na Itália majoritariamente católica em 1978.
O próximo a comentar foi o recém-reeleito na França Macron, representando uma nação onde a separação entre Igreja e Estado é essencial desde a Revolução Francesa. Seu tweet: “O aborto é um direito fundamental para todas as mulheres. Devemos protegê-lo”.
A decisão veio no mesmo dia em que a câmara baixa do parlamento alemão decidiu abolir uma lei que proibia os médicos de fornecer informações sobre abortos.
O anfitrião do G-7, o chanceler alemão Olaf Scholz, tuitou no sábado sobre a decisão dos EUA. Sem dúvida, será algo sobre o qual ele e outros líderes da cúpula serão questionados nos próximos dias.
--Com a colaboração de Stephen Wicary, Samy Adghirni e Alex Morales
Leia também