Bloomberg Línea — Nesta semana, a Tesla (TSLA) e a Netflix (NFLX) relataram demissões em massa, em meio a um cenário preocupante para trabalhadores de tecnologia em todo o mundo. Quase 2 mil pessoas que trabalhavam para empresas de tecnologia e startups no Brasil foram demitidas nos últimos três meses, segundo o site Layoffsbrasil.com, que compila dados dos cortes e de pessoas que são demitidas e atualizam as informações no LinkedIn. No entanto empresas como Revolut e Cloudwalk disseram que estão aproveitando a onda de demissões para contratar novos talentos.
A fintech britânica Revolut, uma das maiores do mundo, com valuation de US$ 33 bilhões em setembro de 2021, anunciou o início de operações no Brasil para o segundo semestre e tem 17 posições abertas no país e outras cinco no México. A Cloudwalk, um unicórnio brasileiro de pagamentos, tem 38 vagas abertas.
Recentemente, o CEO da Loggi, Fabien Mendez, disse à Bloomberg Línea que não faltarão ofertas de trabalho para pessoas com habilidades adequadas às necessidades. Mas mesmo empresas líderes como o iFood, controlada pela holding Movile, cortou funcionários nesta semana. A empresa disse que está “reestruturando algumas áreas, em busca de maior eficiência e foco para seus negócios”.
“Infelizmente o processo de priorização e de revisão levou ao desligamento de algumas pessoas e à desaceleração de novas contratações. Se antes o nosso time de recrutamento trazia mais de 200 pessoas por mês para a empresa, hoje esse número caiu pela metade”, disse o iFood.
No entanto a gigante de delivery no Brasil disse que continua buscando no mercado profissionais de tecnologia e da área comercial e que hoje tem mais de 100 vagas disponíveis.
O Twitter Inc. (TWTR) disse para a Bloomberg Línea que está sendo assertivo sobre suas equipes, contratações e custos globalmente para garantir que eles estejam operando com responsabilidade e mantendo um negócio saudável.
“Como compartilhamos com os funcionários em maio, o Twitter pausou a maioria das contratações e preenchimentos, exceto para funções críticas para os negócios”, disse a empresa de mídia social em uma nota.
A Bloomberg Línea apurou que mesmo startups em estágio inicial do Brasil que recentemente captaram recursos para o crescimento estão implantando uma política de congelamento de contratações, enquanto funcionários temem demissões.
Dados da CB Insights, plataforma que é referência global em dados e inteligência do mercado de tecnologia e startups, apontam para uma “explosão” de mais de 2.000% no número de artigos que mencionam “congelamento de contratações” em junho na comparação com os primeiros meses do ano. A última vez que os números subiram tanto foi em abril de 2020, no início da pandemia de Covid-19.
Funcionários de unicórnios e startups no Brasil que foram demitidos nas últimas semanas disseram que as startups em estágio inicial (early stage) são as que agora têm a maioria das ofertas de emprego.
Alguns desses funcionários demitidos no Brasil já estão sendo contratados por outras empresas de tecnologia, já que algumas, incluindo as maiores do setor, estão contratando e promovendo. O Google (GOOGL), por exemplo, anunciou no começo do ano um plano para dobrar o time de engenharia no Brasil, abrindo 200 vagas na área. Muitas dessas vagas estão ainda em aberto, segundo a companhia.
Anna Piñol, sócia da NFX, um venture capital (VC) de São Francisco, disse à Bloomberg Línea que algumas empresas estão tentando estender o período com que conseguem operar sem a necessidade de captação de recursos porque há muita incerteza sobre quanto tempo essa crise vai durar.
“É bom para novas startups, desde que o ecossistema continue trazendo novas startups. O Seed-stage continua sendo um lugar para o qual algum dinheiro está fluindo e muitas dessas pessoas vão encontrar um novo emprego em uma nova startup ou se tornar um empreendedor“, disse Piñol.
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