Crash do mercado de criptoativos pode dar origem a novas ‘Amazons’, diz BC inglês

Dirigente do Bank of England compara crise atual com colapso das pontocom, que abriu espaço para o crescimento de gigantes como a Amazon

Jon Cunliffe, vice-governador da instituição, enxerga potencial da tecnologia dos criptoativos e utilidade no setor de finanças
Por Philip Aldrick
22 de Junho, 2022 | 12:18 PM

Bloomberg — Os sobreviventes da crise dos criptoativos podem se tornar as empresas de tecnologia do futuro – para bater de frente com a Amazon (AMZN) e o eBay (EBAY) –, segundo o vice-governador do Bank of England (banco central da Inglaterra), Jon Cunliffe.

Cunliffe comparou o crash que eliminou mais de US$ 1 trilhão do valor de mercado do bitcoin (BTC) e de outras criptomoedas neste ano com o colapso das pontocom no início do milênio, em fenômeno que ficou conhecido como o estouro da bolha da internet.

“Para mim, a analogia é o boom das pontocom, quando US$ 5 trilhões foram eliminados dos valores”, disse Cunliffe no Fórum Point Zero, em Zurique, nesta quarta-feira (22). “Muitas empresas acabaram, mas a tecnologia não desapareceu. Ela voltou 10 anos depois, e as empresas que sobreviveram – as “Amazons” e os “eBays” – acabaram se tornando as players dominantes”.

Ele enfatizou que a tecnologia dos criptoativos tem “enormes aplicações e potencial dentro do setor financeiro”, mesmo que o mercado esteja abalado no momento.

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Independentemente do que acontecer aos criptoativos nos próximos meses, espero que a tecnologia de criptoativos e finanças continue existindo”, disse Cunliffe. “Ela pode trazer enormes eficiências e mudanças na estrutura do mercado”.

O BOE está desenvolvendo planos para sua própria moeda digital do banco central (CBDC, na sigla em inglês) e divulgará um documento de consulta no final do ano.

Uma questão-chave sob investigação é produzir uma CBDC totalmente independente com possibilidade de conversão na moeda oficial ou apenas “algo que seja flexível o suficiente” para ser usado em stablecoins privadas.

Cunliffe deu um exemplo de stablecoins integradas à cadeia de abastecimento e aos sistemas logísticos para maximizar a eficiência. “Não poderíamos oferecer algo que fizesse tudo isso”, disse.

“A pergunta é: seria melhor você ter stablecoins privadas para serem mais otimizadas em certas áreas e que depois se ligam de alguma forma a um livro-razão do banco central? Ou devemos oferecer a base?”, disse Cunliffe.

A grande questão filosófica que os órgãos reguladores enfrentam é a possibilidade de permitir uma “liquidação totalmente desintegrada”, o que significaria regulamentar a IA por trás da tecnologia das criptomoedas.

“Tenho a mesma confiança nisso que em um avião sem piloto totalmente automatizado indo de Londres a Zurique ou um carro totalmente autônomo”, disse ele. “Eu quero saber onde está a responsabilidade se algo der errado e eu sofrer um acidente”.

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“Acredito que será muito difícil para o sistema regulatório se interpor num futuro próximo”.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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