Empresário perde US$ 2,6 bilhões após anúncio de pausa do BTS

Fortuna de Bang Si-hyuk, fundador da Hybe, a gravadora do grupo sul-coreano, caiu para US$ 1,2 bilhões desde o pico em novembro

Membros da banda de K-pop devem focar em outros projetos por enquanto
Por Yoojung Lee
22 de Junho, 2022 | 03:29 PM

Bloomberg — Era para ser um dia de celebração, não de desgosto, para a o grupo de pop coreano BTS e suas legiões de fãs em todo o mundo.

De muitas maneiras, o grupo nunca tinha chego tão longe ao celebrar o anual evento “Festa”: em apenas dois meses, os sete membros se apresentaram para mais de 200 mil pessoas em Las Vegas, visitaram a Casa Branca e lançaram o álbum Proof, em memória aos megahits que acumularam dezenas de bilhões de streamings e deram uma fortuna aos seus patrocinadores.

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Por mais de meia hora, as estrelas pop comeram, beberam, brincaram e relembraram os melhores momentos em torno de uma mesa emoldurada por dezenas de balões roxos - a cor símbolo do BTS Army, a grande base de fãs. Depois de ser provocado por parecer sonolento, J-Hope, o versátil rapper, dançarino e cantor que poucos dias antes fez história ao ser nomeado headliner do festival Lollapalooza de Chicago, trouxe a bomba: todos os sete estariam partindo para carreiras solo.

O BTS Army, a grande base de fãs do grupo, viu o hiato como o fim de uma era. E com isso, foi junto a sorte de Bang Si-hyuk, o bilionário sul-coreano por trás da boy band que conquistou o mundo.

As ações da Hybe, fundada por Bang e negociadas na bolsa de Seul, na Coreia do Sul, chegaram a cair 25% em um único dia na semana passada após o anúncio do BTS, prolongando a queda de meses da empresa e cortando a fortuna de Bang em US$ 2,6 bilhões desde seu pico de novembro para US$ 1,2 bilhão, de acordo com o índice Bloomberg Billionaires. As ações atingiram uma baixa recorde nesta quarta-feira (22), embora o BTS tenha prometido voltar a se reunir algum dia.

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Bang Si-hyuk, fundador da Hybe, antiga Big Hit Entertainment, posa durante a cerimônia de listagem da empresa na Korea Exchange.

“Hybe é a casa que o BTS construiu”, disse Jeff Benjamin, jornalista especializado na cobertura do K-pop, o pop sul-coreano. “Quando há uma mudança no artista principal ou no produto, as pessoas vão se preocupar, mesmo que não seja tão diferente.”

Bang, que controla 31,8% da Hybe, fundou a empresa em 2005 após uma carreira como produtor musical. Em seus primeiros anos, o negócio quase faliu antes de obter seu primeiro sucesso com Without a Heart do grupo local 8Eight em 2009. BTS lançou seu álbum de estreia em 2013.

Ele se tornou um bilionário improvável após a oferta pública inicial da empresa em 2020, quando o BTS já havia se unido a estrelas como Halsey, Nicki Minaj e Steve Aoki, aparecido no The Tonight Show Starring Jimmy Fallon e Saturday Night Live e visto fãs acampando por dias antes de um show gratuito no Central Park. O IPO também deu aos membros da banda, todos na casa dos 20 anos, participações no valor de milhões de dólares.

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O BTS – e a indústria em geral – prosperou durante as paralisações da covid-19 graças a vídeos online, serviços de streaming e vendas de álbuns. Depois que as restrições diminuíram, a fama ficou ainda maior. Em Las Vegas, eles atraíram fãs de todo o mundo para quatro shows ao vivo. Os membros do Army – que pagam uma taxa para obter acesso exclusivo a pré-vendas, mercadorias especiais e conteúdo – compraram todos os ingressos antes de serem colocados à venda para o público em geral. Fãs desesperados desembolsaram até US$ 15.145 por ingressos no mercado de revenda, enquanto os presentes carregavam bonés, camisetas e bastões de luz temáticos, conhecidos como as Army Bombs.

No ano passado, a receita da Hybe subiu 58% para quase 1,3 trilhão de won (US$ 1 bilhão), com quase 70% de seu lucro operacional vindo da gravadora que administra o BTS, de acordo com a Meritz Securities.

A dependência de Hybe do BTS sempre foi uma preocupação. A empresa tem procurado diversificar, adicionando novos artistas e entrando em diferentes áreas de negócio. Ela se uniu à operadora da maior exchange de criptomoedas da Coreia do Sul para vender tokens não fungíveis e comprou a Ithaca Holdings, uma empresa de mídia dos EUA por trás de estrelas como Justin Bieber e Ariana Grande.

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Embora ainda seja muito cedo para ver o sucesso desse novo empreendimento, o hiato do BTS continua sendo um golpe. A SK Securities cortou suas estimativas para o lucro operacional da Hybe em 9% para 234,9 bilhões de won em 2022 e em 24% para 273,2 bilhões de won em 2023. O analista responsável pelo relatório Hyo-ji Nam disse que as projeções podem aumentar quando os projetos individuais dos membros do BTS começarem.

Um representante da Hybe não respondeu aos pedidos de comentários da Bloomberg.

Mesmo que a banda volte a se reunir, as preocupações permanecem sobre o futuro da empresa, já que os artistas permanecem sujeitos a cerca de dois anos de serviço militar. As ações caíram 60% este ano, muito mais do que as das concorrentes JYP Entertainment, SM Entertainment e YG Entertainment.

“Não é sobre como eles vão reduzir sua dependência do BTS”, disse Hyunyong Kim, analista da Hyundai Motor Securities, acrescentando que os dois estão muito entrelaçados para serem separados. “É uma questão de quão bem eles vão lidar com os riscos potenciais decorrentes da questão do serviço militar.”

--Com assistência de Paulina Cachero

Essa notícia foi traduzida por Ana Carolina Siedschlag, editora-sênior da Bloomberg Línea

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