Afeganistão: quais estragos o pior desastre natural em anos deixou no país?

Terremoto foi a pior catástrofe a atingir o país desde deslizamento de terra em 2014, que deixou dois mil mortos

País já afetado pela fome e pela economia em colapso terá de enfrentar busca por corpos e tratamento de feridos
Por Eltaf Najafizada
22 de Junho, 2022 | 06:15 PM

Bloomberg — Pelo menos mil pessoas foram mortas e centenas de outras ficaram feridas após um forte terremoto que atingiu o sudeste do Afeganistão durante a madrugada de quarta-feira (22), desencadeando uma nova crise humanitária em um país que já enfrenta uma economia em colapso e a fome.

A província de Paktika, ao leste, foi a mais afetada, disse Sharafuddin Muslim, o vice-ministro estadual de Gestão de Desastres. A agência de notícias estatal Bakhtar News disse que pelo menos mil pessoas haviam morrido e outras 1,5 mil ficaram feridas – e que o número de mortos poderia aumentar. Helicópteros e equipes de resgate foram enviados para as áreas afetadas, acrescentou.

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Também foram relatados óbitos e danos nas províncias vizinhas de Khost e Nangahar, que fazem fronteira com o Paquistão, disse o porta-voz do Taliban, Bilal Karimi. O terremoto foi a pior calamidade a atingir o país desde que um deslizamento de terra matou 2 mil pessoas na província de Badakhshan, no nordeste do país, em 2014.

Karimi instou as agências de ajuda internacional a ajudar a resgatar os que ainda estão presos nos escombros das casas após o tremor de magnitude 5,9, registrado por volta das 2h30 da manhã no horário local (19h30 da terça-feira pelo horário de Brasília).

A economia do Afeganistão já está em crise depois que a ajuda internacional, que representava cerca de 40% de seu produto interno bruto, foi interrompida desde que o Taliban assumiu o país após a retirada das tropas americanas em agosto do ano passado. Os Estados Unidos também decidiram bloquear o acesso do banco central a cerca de US$ 9 bilhões em reservas no exterior.

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Mais de 24 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária no país, ante cerca de 18,4 milhões no ano passado, disse o Inspetor Geral Especial dos EUA para a Reconstrução do Afeganistão (Sigar, na sigla em inglês) em relatório do mês passado. Mais de 70% das famílias afegãs não têm dinheiro suficiente para comprar alimentos e outros produtos essenciais, acrescentou o estudo.

Relatos mencionam mil mortos e 1,5 mil feridos

O país, na pior seca em três décadas, também foi duramente atingido pelo recente aumento dos preços dos alimentos gerado pela guerra na Ucrânia. A ONU alertou que mais da metade dos 40 milhões de habitantes do país está enfrentando uma fome aguda e que 1 milhão de crianças pode morrer de fome.

O primeiro-ministro interino, Mullah Mohammad Hassan, realizou uma reunião de gabinete de emergência na quarta-feira e destinou US$ 1,1 milhão para ajudar as vítimas, disse Muslim, acrescentando que as famílias dos mortos receberiam US$ 1.116 cada e que os feridos receberiam US$ 558 cada.

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O líder espiritual do Taliban, Haibatullah Akhundzada, pediu a todos os funcionários do governo e cidadãos comuns interessados que viajem às áreas atingidas pelo terremoto para ajudar nos esforços de resgate e socorro, disse Karimi em uma declaração enviada via Whatsapp.

As áreas afetadas são algumas das mais pobres do país, com casas simples de barro e tijolos, e a maioria das pessoas ganha a vida com pequenas fazendas ou com a criação de gado.

O epicentro do terremoto foi a cerca de 46 km da cidade de Khost, perto da fronteira com o Paquistão, a uma profundidade de 10 km, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.

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--Com a colaboração de Jane Pong e Unni Krishnan.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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