Bloomberg — A montadora de carros elétricos norte-americana Tesla (TSLA) irá reduzir a força de trabalho assalariada em cerca de 10% nos próximos três meses, resultando em um corte geral de cerca de 3,5% no total de funcionários, considerando novas contratações, disse o CEO Elon Musk.
“Crescemos muito rápido no lado assalariado”, disse Musk em entrevista ao editor-chefe da Bloomberg News, John Micklethwait, no Fórum Econômico do Catar nesta terça-feira (21). “Daqui a um ano, acho que nosso quadro de funcionários será maior” em assalariados e horistas, mas por enquanto a redução será de 3% a 3,5%, disse.
Musk anunciou os planos da empresa de reduzir a equipe no início deste mês. A Tesla, agora com sede em Austin, Texas, cresceu para cerca de 100 mil funcionários em todo o mundo, contratando rapidamente à medida que construía novas fábricas em Austin, nos EUA, e Berlim, na Alemanha. Os cortes, que afetaram representantes de recursos humanos e engenheiros de software, pegaram muitos de surpresa, com vários funcionários sendo informados de que estavam sendo demitidos imediatamente. Dois trabalhadores da fábrica de baterias da Tesla perto de Reno, no estado norte-americano de Nevada, alegam que a empresa não cumpriu o requisito de notificação de 60 dias sob a Lei de Notificação de Ajuste e Reciclagem do Trabalhador, de acordo com uma ação que eles abriram no domingo no tribunal federal em Austin.
“Não vamos ver muito em um processo preventivo que não tem legitimidade”, disse Musk na entrevista em vídeo desta terça.
O empresário de 50 anos entrou no debate sobre o trabalho em casa no início deste mês, estabelecendo um ultimato para a equipe da Tesla retornar ao escritório - ou sair da empresa.
“Todos na Tesla são obrigados a passar um mínimo de 40 horas no escritório por semana”, escreveu Musk em um e-mail intitulado “Para ser super claro”. “Além disso, o escritório deve ser onde seus colegas reais estão localizados, não algum pseudo escritório remoto. Se você não aparecer, vamos supor que você se demitiu.”
“Quanto mais sênior você for, mais visível deve ser sua presença”, escreveu Musk. “É por isso que eu passava tanto tempo na fábrica – para que aqueles na linha de produção pudessem me ver trabalhando ao lado deles. Se eu não tivesse feito isso, a Tesla já teria falido há muito tempo.”
O mandato também assustou os trabalhadores do Twitter (TWTR), que tiveram uma política de trabalho remoto durante a pandemia de Covid. Antes de fechar seu acordo para comprar a plataforma de mídia social, Musk apresentou a ideia de transformar sua sede em São Francisco em um abrigo para sem-teto porque “ninguém aparece mesmo”.
Em contraste, ele elogiou os trabalhadores de sua fábrica em Xangai. Muitos moravam e trabalhavam no local para manter a produção em andamento durante a maior parte do bloqueio de dois meses da Covid na cidade chinesa no início deste ano.
“Estou muito impressionado com as empresas de automóveis na China, com as empresas em geral na China”, disse Musk na entrevista. “Acho que eles são extremamente competitivos, trabalhadores e inteligentes.”
Quanto à concorrência das principais montadoras do mundo, Musk disse que a Tesla realmente não pensa em possíveis rivais. As principais questões que a empresa enfrenta são as cadeias de suprimentos e sua própria capacidade de produção.
“A demanda por nossos carros é extremamente alta e a lista de espera é longa”, disse ele. “Não pensamos em concorrência – apenas pensamos em como vamos abordar os fatores limitantes na cadeia de suprimentos e em nossa própria capacidade industrial.”
“Basicamente, precisamos construir as fábricas mais rapidamente”, disse ele. “E então olhar para frente para quaisquer pontos de estrangulamento em toda a cadeia de suprimentos de baterias de íons de lítio, desde a mineração e refino até a produção de cátodos e ânodo e formação de células.”
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