Petrobras terá CEO interino até a aprovação de nomeado por Bolsonaro

José Mauro Ferreira Coelho foi demitido em maio, mas seguia no cargo; cobrança cresceu após novo reajuste dos combustíveis na última sexta

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro
20 de Junho, 2022 | 10:25 AM

Bloomberg Línea — --Atualiza com informação sobre novo presidente interino -- 12h05

O presidente da Petrobras (PETR3, PETR4), José Mauro Ferreira Coelho, acaba de renunciar ao cargo nesta manhã de segunda-feira (20), diante das pressões crescentes do governo e de líderes do Congresso para que deixasse a empresa por causa do aumento dos preços dos combustíveis.

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A Petrobras anunciou a demissão em comunicado nesta segunda-feira (20).

O diretor-executivo de exploração e produção, Fernando Borges, foi anunciado pela empresa como presidente interino da estatal. A nomeação foi com base no Estatuto Social, até a eleição e a posse de novo presidente.

A notícia causou a suspensão da negociação das ações da empresa, que na sexta-feira (17) já haviam registrado fortes perdas, de 6% a 7%, com o aumento da pressão do Congresso e do governo.

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Ferreira Coelho já havia sido informado de sua demissão no dia 23 de maio, após apenas quarenta dias desde que tomou posse, mas continuava no comando da petrolífera até que o seu substituto, Caio Paes de Andrade, tivesse o nome aprovado em todas as instâncias da estatal.

O reajuste de 5,2% para o preço da gasolina e de 14,2% para o diesel, anunciado na última sexta, no entanto, precipitou a sua saída efetiva do cargo com o aumento da pressão por parte do presidente da República, Jair Bolsonaro, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

A expectativa do governo é que a saída de Ferreira Coelho acelere a tramitação da estatal para a aprovação do próximo CEO da estatal, Caio Paes de Andrade, indicado no fim de maio.

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Coelho seguia no cargo e vinha resistindo à renúncia, mantendo o processo normal dentro da empresa para a aprovação do nome do seu substituto - que, pelos trâmites previstos, seria analisado pela assembleia de acionistas apenas no final de julho ou início de agosto.

O presidente Jair Bolsonaro, que busca a reeleição em outubro, tem criticado publicamente a Petrobras há alguns meses pelo que chama de “lucros abusivos” e já demitiu três vezes o principal executivo da companhia com a frustração com os preços dos combustíveis praticado pela empresa. Os preços dos combustíveis e a inflação em geral são uma das principais reclamações dos eleitores.

Os preços dos combustíveis que saem das refinarias são definidos pela Petrobras com base em uma política de acompanhamento das cotações internacionais do petróleo, dado que a empresa é também exportadora e possui a maior parte da sua atividade em negócios que são globais.

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Bolsonaro disse no último sábado (18) que tem o apoio do Congresso para iniciar uma investigação sobre a estatal e sua política de preços. O presidente da Câmara, Arturo Lira, também ameaçou intervir impondo impostos punitivos sobre os lucros recordes da empresa.

Quantos presidentes a Petrobras teve no último ano?

Ferreira Coelho substituiu o general Joaquim Silva e Luna, que foi demitido em março por Bolsonaro também por ter preservado a política da estatal para o reajuste dos preços da gasolina e do óleo diesel. O mesmo motivo havia derrubado o CEO anterior, Roberto Castello Branco, no começo de 2021.

Em ano de eleição presidencial e com a inflação ao consumidor na casa de dois dígitos, o tema se tornou ainda mais relevante para o governo federal. O IPCA, o índice oficial de inflação do país, subiu 11,73% no acumulado em 12 meses até maio, enquanto as expectativas do mercado para 2022 e 2023 apontam para variações acima da meta perseguida pelo Banco Central.

O preço da gasolina subiu 31,22% nos 12 meses até abril, e o do óleo diesel, 53,58%, segundo o IPCA, que é calculado pelo IBGE.

- Com informações da Bloomberg News.

Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.

Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.