Bloomberg — Em petição entregue à Justiça na sexta-feira, a Samarco disse que o plano apresentado pelos detentores de seus títulos de dívida externa em maio demonstra “total falta de compromisso com a efetiva superação da crise” que levou a empresa a pedir recuperação judicial.
O plano trata de forma desigual credores de mesma classe, o que vai contra a lei, disse a Samarco, ao prever que os acionistas - Vale (VALE3) e BHP - receberiam apenas 3,2% dos seus créditos, enquanto os credores receberiam 119%.
O plano prevê troca de parte dos créditos de R$ 25 bilhões dos detentores de títulos por papéis de dívida “com juros altíssimos”, de 10,5% ao ano em dólar, a serem pagos já a partir de 2024, o que não seria possível pelo fluxo de caixa da Samarco, disse a empresa.
O plano desconsidera ainda US$ 2,6 bilhões em impostos que a Samarco teria de pagar com o desconto de 96% nos créditos de R$ 24 bilhões dos acionistas e sobre os juros remetidos ao exterior, disse. Com somente 38% dos créditos, os detentores de títulos da dívida assumiriam o controle da empresa, o que não faz sentido, segundo a Samarco.
Para a Samarco, o plano apresentado pelos sindicatos é mais alinhado às premissas financeiras e ao seu plano de negócios.
Uma audiência de conciliação entre a Samarco e os credores está prevista para acontecer na terça-feira.
Esta é a primeira vez que credores apresentam um plano de reestruturação de uma empresa no Brasil, possibilidade permitida pela nova lei de falências, depois que um plano apresentado pela empresa foi rejeitado.
A Samarco listou cerca de R$ 50 bilhões em dívidas inadimplentes em seu pedido de recuperação judicial feito em abril de 2021. A empresa ficou impossibilitada de pagar suas dívidas após o rompimento de sua barragem de rejeitos em 2015, que matou 19 pessoas e quase destruiu dois vilarejos em Mariana, Minas Gerais. Após o acidente, a Samarco interrompeu a produção e demorou até dezembro de 2020 antes de poder reiniciá-la parcialmente.
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