Quem é Francia Márquez, a primeira mulher negra na vice-presidência da Colômbia

‘Obrigado, Colômbia. Essa luta não começou conosco, começou com nossos ancestrais’, disse Márquez em suas redes sociais após a vitória de domingo

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Bogotá — Com uma história de vários anos no ativismo ambiental e na liderança social, a advogada feminista Francia Márquez se tornou a 13º vice-presidente da Colômbia neste domingo (19), a segunda mulher a ocupar o cargo depois da atual Marta Lucía Ramírez.

Originária de Yolombó, distrito do município de Suárez, no departamento de Cauca, Márquez será a segunda no comando da Colômbia depois do partido Pacto Histórico vencer as eleições presidenciais com Gustavo Petro, o primeiro chefe de Estado de esquerda do país, que toma posse a partir do dia 7 de agosto.

Ativista ambiental desde os sete anos, Márquez é reconhecida por trabalhar em comunidades, com uma primeira abordagem à política eleitoral em 2018 como candidata à Câmara dos Deputados pelo círculo eleitoral especial para negros. Embora não tenha sido eleita naquela época, a candidatura, juntamente com suas ações ativistas anos atrás, a popularizou em escala nacional.

No ano passado, Francia Márquez iniciou a pré-campanha com o objetivo de se tornar a primeira mulher a conquistar a Casa de Nariño, mas o sonho de chegar à Presidência da Colômbia foi adiado por enquanto, pois sua pré-candidatura não conseguiu as assinaturas necessárias.

No entanto, no final de 2021 o partido deu o aval para participar da consulta interna da sigla, em que ela obteve a segunda maior votação, com mais de 780 mil votos.

Quem é Francia Márquez

“Sou parte de um processo, de uma história de luta e resistência que começou com meus ancestrais trazidos como escravos. Faço parte da luta contra o racismo estrutural, faço parte daqueles que lutam para continuar fazendo nascer a liberdade e a justiça. Das que guardam a esperança de uma vida melhor, das mulheres que usam o amor materno para cuidar do seu território como espaço de vida, das que levantam a voz para impedir a destruição de rios e florestas”, são algumas das palavras com que ela se descreve através de seu site.

Márquez estudou com bolsa de estudos na Universidade de Santiago de Cali, instituição que a formou em Direito em 2020. Atualmente está cursando especialização em escrita criativa na Universidade ICESI. A nível pessoal, a nova vice-presidente da Colômbia é mãe solteira de dois filhos que tiveram de ser retirados do país devido a ameaças contra a sua vida.

Mãe jovem, na adolescência trabalhou como garimpeira artesanal de ouro em seu município, e, como muitas mulheres no país, progrediu em certo de sua vida graças ao trabalho como empregada doméstica.

Sua mãe é parteira, agricultora e mineira, enquanto seu pai é agromineiro. Seu trabalho como ativista rendeu várias distinções, entre as quais o Prêmio Nacional pela Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia na categoria Defensora do Ano por liderar “A Marcha dos Turbantes”.

Em setembro de 2015, a organização sueca Diakonia lhe concedeu o prêmio como “uma homenagem à árdua tarefa de defender os direitos humanos em um país como a Colômbia, onde muitos perderam a vida”, diz em seu site.

Em 2018, ela foi premiada com o Goldman Environmental Prize, San Francisco Califórnia, Estados Unidos. Em 2019, ela entrou no top 100 das mulheres mais influentes do mundo, segundo a BBC.

‘Obrigado, Colômbia. Essa luta não começou conosco, começou com nossos ancestrais’, disse Márquez em suas redes sociais após a vitória de domingo

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