Janet Yellen diz que inflação permanecerá alta até o fim do ano

Secretária do Tesouro disse que a pressão sobre os preços é uma questão global e que uma recessão na economia americana não é inevitável

Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, disse que a economia americana vai desacelerar até o fim do ano
Por Saleha Mohsin
19 de Junho, 2022 | 04:43 PM

Bloomberg — A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, disse que os preços “inaceitavelmente altos” provavelmente permanecerão até o fim de 2022 e que a economia dos Estados Unidos também pode desacelerar. O cargo é equivalente ao de ministro da Economia no Brasil.

“Tivemos inflação alta até agora em 2022 e isso garante uma inflação mais alta também para o resto do ano”, disse Yellen ao programa “This Week” da rede ABC, neste domingo (19).

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“É esperado que a economia também desacelere”, disse ela, acrescentando: “Mas não acho que uma recessão seja inevitável”.

A inflação nos EUA acelerou para 8,6% em maio na taxa anual, uma nova alta em 40 anos que sinaliza que as pressões sobre os preços estão se alastrando por toda a economia. Ao mesmo tempo, também acaba com a avaliação de que a inflação pudesse estar diminuindo, o que foi endossado pelo Federal Reserve na última quarta (15) ao promover o maior aumento na taxa de juros no país desde 1994, de 0,75 ponto percentual, levando-a para o intervalo entre 1,50% e 1,75%.

As razões por trás da inflação persistente são “globais, não locais”, de acordo com Yellen, que colocou como pontos de atenção a interrupção no fornecimento de energia provocada pela guerra na Ucrânia e o fornecimento de mercadorias da China, onde os bloqueios relacionados ao coronavírus continuam.

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“É improvável que tais fatores cessem imediatamente”, disse ela, que foi presidente do Fed, o banco central americano, de 2014 a 2018.

A presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, endossou a visão de Yellen de que o crescimento vai desacelerar e afirmou que a ameaça de uma recessão nos EUA tem aumentado cada vez mais.

“Os riscos de recessão estão aumentando também porque a política monetária poderia reagido um pouco mais cedo”, disse ela neste domingo ao programa “Face the Nation”, da rede americana CBS, referindo-se às críticas de que o Fed não aumentou as taxas de juros diante dos primeiros sinais de inflação descontrolada no final do ano passado.

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Mester disse acreditar que levará vários anos para que a taxa de inflação anual volte para perto da meta de 2% ao ano do Fed.

Gráfico mostra o crescimento da probabilidade de uma recessão na economia americana desde o início de 2022

A alta dos preços tem prejudicado os americanos, e uma retração econômica que configure uma recessão no início de 2024, o que mal estava no radar há alguns meses, agora já é uma probabilidade de três em quatro, de acordo com as últimas estimativas da Bloomberg Economics.

Brian Deese, diretor do Conselho Econômico Nacional de Biden, tem uma imagem mais otimista da economia do que Yellen e outras autoridades. Ele se referiu a “previsões independentes” que “indicam que a inflação deve começar a ficar mais moderada ao longo do ano”.

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Ele também expressou esperança de que a aprovação no Congresso de um projeto de lei que visa reduzir o custo de medicamentos prescritos, oferecer incentivos fiscais para energia e outras medidas possa tirar a pressão das finanças domésticas. Yellen disse que “vale a pena considerar” uma isenção de impostos sobre a gasolina se isso puder ajudar os consumidores a enfrentar a inflação.

“Temos forças reais nesta economia”, disse Deese na CBS, citando a alta poupança das famílias e uma taxa de desemprego de 3,6%. Ele diz que o governo quer reduzir a inflação de uma forma “em que não tenhamos que abrir mão de todos os ganhos econômicos”.

Ainda assim, o Fed previu na quarta-feira (15) que um importante índice de preços só tende a aumentar nos próximos meses, elevando a possibilidade de outro aumento de três quartos de ponto percentual na reunião de julho.

De acordo com membros do Fed, as taxas de juros mais altas devem levar o desemprego a 4,5%.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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