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Atualização do Ethereum 2.0: o que muda e quais os riscos

Importante melhoria da rede está prevista para o terceiro trimestre e altera completamente a dinâmica do Ethereum

Modernização reduzirá consumo de energia pela rede Ethereum e trará melhorias à descentralização
Tempo de leitura: 3 minutos

Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

São Paulo — O Ethereum, rede nativa da segunda maior criptomoeda em valor de mercado, tem uma atualização prevista para o terceiro trimestre, que recebeu o nome de “Ethereum 2.0″. Um importante evento, conhecido como The Merge, mudará o consenso do protocolo de prova de trabalho para prova de participação. As consequências e mudanças, contudo, têm sido interpretadas de formas diversas.

Ethereum 2.0 e mudanças imediatas

Uma crença disseminada erroneamente é de que a mudança para o consenso em prova de participação aumentará a capacidade da rede Ethereum. Rony Szuster, especialista em criptoativos da área de Research do Mercado Bitcoin, maior corretora de criptomoedas da América Latina, esclarece que esse não é o objetivo da atualização.

O The Merge tem como consequências imediatas a redução do consumo de energia pela rede Ethereum e uma melhoria na descentralização. “O modelo de mineração, da prova de trabalho, vai acabar, reduzindo o gasto energético. Além disso, a mudança para prova de participação elimina a organização de mineradores em grandes pools de mineração, colaborando indiretamente com a descentralização.”

Prova de participação e prova de trabalho

O modelo de consenso por prova de trabalho é usado na blockchain da maior criptomoeda em valor de mercado, o Bitcoin. Nesse modelo dispositivos realizam cálculos matemáticos em busca de um resultado que, quando descoberto, permite ao dispositivo vencedor validar um bloco da rede e ser recompensado por isso. Esse é um processo conhecido pelo alto consumo de energia elétrica.

Já no consenso por prova de participação o processo de validação é feito ao alocar criptomoedas nativas do protocolo em um contrato inteligente. No caso do Ethereum, são alocadas 32 ETH. O algoritmo de consenso escolhe um validador da rede aleatoriamente, sendo ele responsável por classificar como verdadeiras as informações em um bloco. Para garantir que não haja má-fé, validadores que reconheçam como legítimas informações falsas perdem parte das 32 ETH alocadas.

Na prova de trabalho, a fim de dividir os custos com energia e garantir que a corrida pela recompensa seja bem-sucedida, mineradores se unem em grandes complexos. Estes são os pools de mineração mencionados por Szuster. Por isso, ao adotar o consenso por prova de participação, o Ethereum deixará de demandar este processo.

Escalabilidade para o longo prazo

Embora não traga aumento imediato na capacidade do Ethereum, a migração para prova de participação abre espaço para mudanças importantes nesse sentido. Uma delas é a possibilidade de, entre 2023 e 2024, a blockchain passar pelo processo de sharding. De forma resumida, a blockchain será dividida em redes menores – a princípio, 64 delas – para facilitar a forma como a rede processa os dados. É neste momento que o Ethereum cresce em escalabilidade, com aumento da capacidade de processamento e redução das taxas.

Outra mudança ocorrerá após o The Merge, através da atualização Shanghai, mas nos rollups do Ethereum, destaca Rony Szuster. Simplificando, rollups são redes secundárias conectadas à cadeia principal que processam transações e transmitem dados comprovando o que ocorreu. Ou seja: o trabalho bruto não ocorre dentro da blockchain principal, ou mainnet.

“As propostas de melhoria do Ethereum implementadas pela atualização Shanghai incluem melhorias nos rollups. Reforço que as melhorias nas taxas não são na rede principal. Os custos transacionais serão reduzidos somente nos rollups após essa atualização.”

Somente depois do processo de sharding, somado às melhorias nos rollups, que a rede Ethereum terá um ganho considerável em escalabilidade. Embora essa mudança esteja ligada em parte ao The Merge, ao contrário do que muitos esperam, nenhum ganho em capacidade da blockchain será visto de forma imediata.

Os riscos

O The Merge consiste em unir a atual rede do Ethereum à chamada Beacon Chain, onde o consenso por prova de participação já foi ativado. Conforme ressalta Felipe Sant’Ana, cofundador da Paradigma Education, esse procedimento está sendo feito em diferentes redes de teste do Ethereum, sendo o risco mitigado a cada fusão bem-sucedida.

Mesmo assim, especialistas e entusiastas aguardam com certa apreensão esse importante passo na blockchain Ethereum. Um risco técnico mencionado por Felipether, como Sant’Ana também é conhecido, é uma incompatibilidade entre clients. Clients são softwares utilizados por integrantes da blockchain, conhecidos como nós. “Isso pode bifurcar a blockchain, fazendo com que transações sejam revertidas após finalizadas.”

Além disso, há ainda a possibilidade de que mineradores estabeleçam uma nova rede, destaca o membro da Paradigma Education. “Eles podem manter o mesmo mecanismo de produção de blocos, ignorando a atualização para preservar a utilidade de suas máquinas”, diz Felipether, ressaltando que é uma “chance considerável” de que isso ocorra.

Existem ainda riscos não considerados por desenvolvedores. Nesse cenário, um caso extremo seria a comunidade interferir na autonomia da blockchain Ethereum, avalia Felipether. “Algo do gênero trincaria a confiança do mercado na descentralização da rede”, conclui.

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