Ata do Copom e Powell no Congresso: 5 eventos para o mercado na próxima semana

Rumo das políticas monetárias dos bancos centrais domina a agenda a partir de segunda, dia em que as bolsas em Nova York estarão fechadas com feriado

Jerome Powell, presidente do Fed, terá depoimento no Senado e na Câmara dos EUA na semana que começa
Por Josue Leonel
18 de Junho, 2022 | 09:44 AM

Bloomberg Línea — Os contratos de juros futuros devem reagir na próxima terça-feira (21) à divulgação da ata da última reunião do Copom, que deve detalhar a sinalização de continuidade do aperto monetário feita pelo comunicado da reunião que elevou a Selic para 13,25%.

Entrevistas de dirigentes do Banco Central e o IPCA-15 também influenciam as expectativas sobre inflação e juros, enquanto a Petrobras sofre pressão política por ter aumentado os preços dos combustíveis.

Após a volatilidade com a mais recente decisão do Fed, o depoimento de Jerome Powell no Congresso dos EUA movimentará o mercado global em semana que começa com feriado nos EUA segunda-feira.

Veja a seguir 5 eventos que vão movimentar os mercados na próxima semana:

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1. Ata do Copom e Campos Neto

O mercado de juros contará com uma agenda forte, com potencial de influenciar as apostas nas altas das taxas de juros. O Banco Central divulga na terça-feira a ata do Copom, que sinalizou com o comunicado divulgado na última quarta-feira (15) uma nova alta da Selic entre 0,25 e 0,50 ponto percentual em agosto.

O comunicado trouxe passagens vistas como dovish (menos rigorosa) pelo mercado, como a menção ao IPCA de 2024, cuja projeção está abaixo da meta, e a troca da expressão “na meta” por “ao redor da meta”. Na quinta-feira (23), o diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen, fará apresentação às 11h, seguida de entrevista do presidente Roberto Campos Neto.

2. IPCA-15 de junho e combustíveis

A divulgação do Relatório Trimestral de Inflação foi adiada do dia 23 para dia 30 de junho por causa da greve dos servidores do Banco Central. Antes, no entanto, o quadro inflacionário poderá ser atualizado com a divulgação de parciais de índices de preço como o IPCA-15 de junho, que sai na sexta-feira. Em maio, o índice já teve uma desaceleração importante, para 0,59%, contra 1,73% em abril.

No restante de junho e em julho, no entanto, a inflação deve sofrer pressão adicional com o repasse do reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras nesta sexta-feira (17). O preço da gasolina subiu 5,2%, e o diesel, em 14,2%, neste sábado (18), no primeiro aumento desde maio.

“Esses ajustes não realinharão totalmente os custos domésticos aos preços internacionais. Isso significa que mais ajustes de preços são possíveis, especialmente se a moeda permanecer sob pressão”, disse Adriana Dupita, da Bloomberg Economics.

3. Petrobras no Congresso

O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que, na segunda feira (20), convocará uma reunião de líderes para discutir a política de preços da Petrobras. Ele postou a declaração em sua conta no Twitter após os jornais noticiarem que a estatal iria anunciar aumento de preços nesta sexta. Após o reajuste ter sido confirmado, Lira disse o governo vai se reunir para discutir os aumentos e que o imposto sobre o lucro da Petrobras pode ser dobrado. Lira disse ainda que o presidente da empresa deveria renunciar imediatamente. O presidente Bolsonaro já exonerou o atual presidente, José Mauro Coelho, e indicou um novo CEO, mas Coelho não antecipou saída e aguarda os trâmites normais da empresa.

4. Powell e Lagarde

Os mercados reverteram na quinta-feira (16) todo o alívio visto na sessão anterior com o fato de o Fed não ter sinalizado a manutenção do ritmo de alta 0,75 ponto percentual. Na sexta, os ativos de risco chegaram a ensaiar o retorno a um desempenho mais positivo, mas a volatilidade prevaleceu diante do risco de as altas dos juros globais levarem a uma recessão. Por isso, o mercado deverá monitorar com atenção as duas próximas falas do presidente do Fed, na quarta no Senado e na quinta na Câmara.

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Outros dirigentes do Fed, como James Bullard, também falam na semana. Na Europa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, fala duas vezes no dia 20 e, no dia seguinte, sai a ata do Banco do Japão, que tem resistido a aderir ao aperto monetário dos demais países.

O feriado nos EUA na segunda-feira tende a reduzir a liquidez dos mercados globais.

5. CVC e outras empresas na bolsa

A CVC (CVCB3) pretende levantar recursos para investir e se preparar para a retomada mais acentuada do turismo. A companhia define no dia 23 o preço por ação em uma oferta subsequente (follow-on) que pode levantar mais de R$ 470 milhões, com base no preço dos papéis em 13 de junho. São Martinho e Oi divulgam resultados trimestrais, e a Samarco tem audiência de conciliação com credores sobre seu plano de recuperação na terça (21). A Aneel prorrogou até terça a vigência das tarifas da Cemig.

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