Bloomberg — As ações caíram nos Estados Unidos e na Europa nesta quinta-feira (16) em meio à renovação dos temores de recessão depois que o Federal Reserve elevou os juros nos Estados Unidos e se mostrou mais agressivo e persistente em sua luta contra a inflação que o esperado.
O índice S&P 500 fechou no menor patamar desde dezembro de 2020 nesta quinta, enquanto o Nasdaq 100, pesado em tecnologia, afundou 4%. As atenções recaíram hoje sobre a reunião de Elon Musk com a equipe do Twitter (TWTR), na qual o bilionário não abordou a questão sobre se ele está comprometido em comprar a empresa de mídia social. Já as ações de construtoras caíram em Wall Street diante de taxas de hipotecas nos maiores níveis desde 1987.
- O Dow Jones caiu 2,42% nesta quinta, o S&P 500 recuou 3,25%, enquanto na Nasdaq a baixa foi de 4,08%;
O dólar recuou com os bancos centrais da Europa intensificando o aperto monetário, prometendo diminuir a diferença entre as taxas da zona do euro e nos EUA. Enquanto os títulos do Tesouro americano se recuperaram de uma liquidação na véspera. A maior aversão ao risco contribuiu ainda para uma queda do bitcoin, que recuou abaixo de US$ 21.000, rumo à sua maior baixa desde 2010, segundo dados da Bloomberg.
Na quarta-feira (15), o presidente do Fed Jerome Powell deixou claro que vai usar todas as ferramentas disponíveis para conter a inflação e, para isso, projetou o maior aumento da taxa desde 1994, deixando as portas abertas para outro aumento de mesma magnitude em julho.
Apesar de tentar amenizar os impactos do aumento de 75 pontos base nos juros, dizendo que não esperava que tais medidas fossem comuns, Powell admitiu a chance de uma desaceleração econômica.
“Estamos preocupados com o crescimento e para onde o Fed vai nos levar”, disse Chris Gaffney, presidente de mercados mundiais do TIAA Bank. “Ontem, todo mundo disse: ‘Que bom, o Fed está fazendo algo agressivo, vai tentar acompanhar a curva de inflação’. Sim, mas será que eles estão perseguindo algo que não serão capazes de alcançar?’”
Embora a inflação esteja “fora de controle”, o Fed está fazendo o melhor que pode com suas ferramentas limitadas, disse Orlando Bravo, cofundador da empresa de private equity Thoma Bravo. Para Jim Chanos, fundador da Chanos & Company LP, apesar do forte sell-off das ações, os valuations ainda precisam cair muito mais.
O S&P 500 agora implica chance de 85% de uma recessão nos EUA em meio a temores de um erro de política do Fed, de acordo com o JPMorgan Chase & Co. O alerta de estrategistas quant e de derivativos é baseado no declínio médio de 26% para o indicador durante as últimas 11 recessões e segue seu colapso em um mercado de baixa.
Um indicador técnico das ações dos EUA mostra a extensão da queda recente, ao mesmo tempo em que oferece uma pitada de otimismo de que ela chegará ao fim em breve.
A porcentagem de membros do S&P 500 que estão negociando acima de sua média móvel de 50 dias caiu abaixo de 5% nesta semana – o nível mais baixo desde que a covid-19 começou a pressionar as bolsas, há mais de dois anos. Tanto essa liquidação quanto a que atingiu os mercados no final de 2018 reverteram o curso logo após ver uma parcela semelhante de ações cair abaixo da média técnica.
-- Com a colaboração de Andreea Papuc, Sunil Jagtiani, Srinivasan Sivabalan, Vildana Hajric, Isabelle Lee, Matt Turner e Yiqin Shen.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também: