S&P 500 sugere chance de 85% de recessão nos EUA com temor do Fed

Índice S&P 500 fechou no menor patamar desde dezembro de 2020 nesta quinta, enquanto o Nasdaq 100, de ações de tecnologia, afundou 4%

Mercados temem recessão depois que o Federal Reserve elevou os juros nos EUA e se mostrou mais agressivo e persistente em sua luta contra a inflação
Por Rita Nazareth
16 de Junho, 2022 | 05:42 PM

Bloomberg — As ações caíram nos Estados Unidos e na Europa nesta quinta-feira (16) em meio à renovação dos temores de recessão depois que o Federal Reserve elevou os juros nos Estados Unidos e se mostrou mais agressivo e persistente em sua luta contra a inflação que o esperado.

O índice S&P 500 fechou no menor patamar desde dezembro de 2020 nesta quinta, enquanto o Nasdaq 100, pesado em tecnologia, afundou 4%. As atenções recaíram hoje sobre a reunião de Elon Musk com a equipe do Twitter (TWTR), na qual o bilionário não abordou a questão sobre se ele está comprometido em comprar a empresa de mídia social. Já as ações de construtoras caíram em Wall Street diante de taxas de hipotecas nos maiores níveis desde 1987.

  • O Dow Jones caiu 2,42% nesta quinta, o S&P 500 recuou 3,25%, enquanto na Nasdaq a baixa foi de 4,08%;

O dólar recuou com os bancos centrais da Europa intensificando o aperto monetário, prometendo diminuir a diferença entre as taxas da zona do euro e nos EUA. Enquanto os títulos do Tesouro americano se recuperaram de uma liquidação na véspera. A maior aversão ao risco contribuiu ainda para uma queda do bitcoin, que recuou abaixo de US$ 21.000, rumo à sua maior baixa desde 2010, segundo dados da Bloomberg.

Na quarta-feira (15), o presidente do Fed Jerome Powell deixou claro que vai usar todas as ferramentas disponíveis para conter a inflação e, para isso, projetou o maior aumento da taxa desde 1994, deixando as portas abertas para outro aumento de mesma magnitude em julho.

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Apesar de tentar amenizar os impactos do aumento de 75 pontos base nos juros, dizendo que não esperava que tais medidas fossem comuns, Powell admitiu a chance de uma desaceleração econômica.

“Estamos preocupados com o crescimento e para onde o Fed vai nos levar”, disse Chris Gaffney, presidente de mercados mundiais do TIAA Bank. “Ontem, todo mundo disse: ‘Que bom, o Fed está fazendo algo agressivo, vai tentar acompanhar a curva de inflação’. Sim, mas será que eles estão perseguindo algo que não serão capazes de alcançar?’”

Embora a inflação esteja “fora de controle”, o Fed está fazendo o melhor que pode com suas ferramentas limitadas, disse Orlando Bravo, cofundador da empresa de private equity Thoma Bravo. Para Jim Chanos, fundador da Chanos & Company LP, apesar do forte sell-off das ações, os valuations ainda precisam cair muito mais.

O S&P 500 agora implica chance de 85% de uma recessão nos EUA em meio a temores de um erro de política do Fed, de acordo com o JPMorgan Chase & Co. O alerta de estrategistas quant e de derivativos é baseado no declínio médio de 26% para o indicador durante as últimas 11 recessões e segue seu colapso em um mercado de baixa.

Um indicador técnico das ações dos EUA mostra a extensão da queda recente, ao mesmo tempo em que oferece uma pitada de otimismo de que ela chegará ao fim em breve.

A porcentagem de membros do S&P 500 que estão negociando acima de sua média móvel de 50 dias caiu abaixo de 5% nesta semana – o nível mais baixo desde que a covid-19 começou a pressionar as bolsas, há mais de dois anos. Tanto essa liquidação quanto a que atingiu os mercados no final de 2018 reverteram o curso logo após ver uma parcela semelhante de ações cair abaixo da média técnica.

-- Com a colaboração de Andreea Papuc, Sunil Jagtiani, Srinivasan Sivabalan, Vildana Hajric, Isabelle Lee, Matt Turner e Yiqin Shen.

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