Bloomberg — A Bridgewater Associates, do lendário investidor Ray Dalio, tornou-se o player com a maior aposta na queda das ações europeias, com uma posição de US$ 5,7 bilhões como short seller. Ou seja, que ganhará com a desvalorização das cotações.
O mercado europeu se prepara para o primeiro aumento na taxa de juros - no patamar atual negativo de 0,50% - em mais de uma década no próximo mês, conforme sinalizado pelo Banco Central Europeu (BCE). O objetivo, como em outros lugares do mundo, é combater a inflação, que está no maior patamar da história da zona do euro - atingiu 8,1% na taxa anual em maio.
O investimento do maior hedge fund do mundo - o equivalente no Brasil aos multimercados - inclui uma posição de US$ 1 bilhão contra a empresa holandesa de semicondutores ASML Holding e outra de US$ 752 milhões contra a gigante francesa de petróleo TotalEnergies, segundo dados compilados pela Bloomberg com base em registros regulatórios.
A Bridgewater montou posições vendidas contra 18 companhias em mercados europeus.
Investidores com posição short (vendida) alugam ações para vendê-las a determinados preços com a expectativa de queda mais adiante, o que permitirá comprar mais barato e embolsar a diferença. É uma modalidade que ganha força em momentos com muita volatilidade e em mercados em baixa.
Não está claro se as apostam visam o lucro em cima de ações em declínio ou se fazem parte de uma estratégia de hedge - proteção - da Bridgewater, que usa modelos quantitativos para investir.
O volume total de posições vendidas da gestora pode ser ainda maior porque as empresas de investimento não são obrigadas a revelar publicamente apostas de menor valor.
A Bridgewater, que tem cerca de US$ 150 bilhões em ativos sob gestão, se tornou a empresa com a maior posição vendida contra ações europeias.
Um porta-voz da Bridgewater não quis comentar o caso fora do horário comercial. Em entrevista publicada uma última terça-feira (14) no jornal italiano La Repubblica, Dalio contou que está comprando ativos que ofereçam proteção contra a inflação, ao mesmo tempo em que reduz as posições de ativos de dívida e de países com riscos domésticos ou de guerra.
Posições vendidas representam uma estratégia já testada pela Bridgewater na região. Em 2020, as apostas chegaram a US$ 14 bilhões; dois anos antes, o volume foi de US$ 22 bilhões.
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