Cuidado com o ‘buy the dip’

Também no Breakfast: Dia crucial para os mercados com decisão do Fed sobre juros nos EUA; Fortunas de bilionários de cripto desabam tão rápido quanto surgiram e Varejistas e seguradoras vão oferecer banda larga

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Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

A onda vendedora que tomou conta dos mercados globais nos últimos dias fez ganhar força também a tese do buy the dip, de que é hora de o investidor com perfil arrojado ou até moderado aproveitar o mergulho nos preços de ativos e comprá-los neste momento em que estão muito descontados. A estratégia entra no debate no momento em que a economia global e a brasileira se encontram em um momento crucial para a tomada de decisões de investimento.

Todos querem saber o que esperar dos próximos movimentos de política monetária - hoje os olhos estarão dirigidos às decisões sobre juros do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central do Brasil.

Nos Estados Unidos, o quão mais agressivo o Fed poderá ser diante de uma inflação persistentemente elevada. No mercado doméstico, embora os dados mais recentes de inflação tenham se desacelerado, a questão é se a perspectiva de um juro mais alto nos EUA e de um câmbio depreciado pode obrigar o Banco Central a mudar de planos.

💥 Para o time dos que apostam em cenários não tão negativos, isto é, juros que já estão em parte precificados nos ativos, chegou o momento de ir às compras e aproveitar as barganhas. Mas esse está longe de ser um consenso. 

👀 O BlackRock, o maior gestor de ativos do mundo, avisou esta semana que não está surfando a onda do ‘buy the dip’ porque considera que o momento é de muita incerteza e as avaliações das empresas listadas “não melhoraram realmente”. “Há um risco de aperto excessivo do Fed, e as pressões da margem de lucro estão aumentando”, afirmaram os estrategistas da empresa de asset management, em nota.

✋🏽 Ainda é cedo para buscar pechinchas na bolsa, afirmou Ales Koutny, estrategista para mercados emergentes da gestora britânica Janus Henderson, à Bloomberg Línea.

Leia a matéria completa com o gestor da Janus Henderson, empresa que administra globalmente US$ 420 bilhões em ativos.

Na trilha dos Mercados

O Federal Reserve (Fed) é o grande protagonista do dia com a definição, às 15h, sobre o rumo dos juros dos Estados Unidos. Mas o Banco Central Europeu (BCE) conseguiu seu momento de fama nesta manhã: anunciou uma reunião extraordinária para resolver a grande diferença de spread que se abriu entre os bônus da Zona do Euro.

💶 Antifragmentação. Na semana passada, quando o BCE deu o recado de que o remédio para combater a inflação serão juros mais elevados, o mercado sentiu falta de informações sobre que mecanismos se usaria para compensar aumento do prêmio de risco de países mais vulneráveis a um encarecimento da dívida europeia, como Itália, Grécia, Portugal e Espanha. A falta de uma ferramenta para evitar uma fragmentação financeira, na hipótese de uma venda maciça de títulos, levou os spreads entre os bônus soberanos europeus a se alargarem.

🇪🇺 Para evitar o pior. O encontro de emergência vem depois que o prêmio dos títulos de 10 anos da Itália subisse acima de 4% pela primeira vez desde 2014 na terça-feira, para citar um exemplo dentre os países periféricos europeus. Após a notícia sobre a reunião, o rendimento do título de referência italiano caiu 22 pontos base, a 3,95%. A expectativa de um respaldo do BCE fez com o spread entre os referenciais italiano e alemão caísse em torno de 320 pontos base, uma margem ainda desconfortavelmente ampla para o banco central, que precisa garantir condições minimamente uniformes a toda a união monetária.

👁️ Dia crucial para o Fed. E para os investidores. Os últimos saltos nos preços ao consumidor e nas expectativas de inflação americana levam uma ala de Wall Street a considerar a possibilidade de um aumento mais pronunciado dos juros hoje, da ordem de 0,75 ponto percentual. Caso a projeção se confirme, será o maior aumento em uma reunião desde 1994. Outros operadores seguem apostando em um acréscimo de 0,5 ponto percentual. Mas a incerteza nos mercados é tanta que já há quem cogite uma alta de 1 ponto percentual.

✳️ É bom destacar que partes da curva de juros no mercado de bônus dos EUA permanecem invertidas, sinalizando preocupações de que a política monetária restritiva leve a uma retração econômica.

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,50%), S&P 500 (-0,38%), Nasdaq Composite (+0,18%), Stoxx 600 (-1,26%), Ibovespa (-0,52%)

Os mercados acionários norte-americanos continuaram em alerta, com os investidores aguardando do Fed um aumento mais contundente dos juros. Os títulos do Tesouro tiveram, uma vez mais, seu pior declínio em décadas, com os prêmios dos bônus de dois anos no nível mais alto desde 2007. O receio dos investidores de uma estagflação está no seu ponto mais alto desde a crise financeira de 2008, enquanto a confiança no crescimento global caiu para um mínimo histórico, de acordo com a pesquisa do Bank of America Corp com gestores de fundos.

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No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Estoques das Empresas/Abr, Índice Empire de Atividade Industrial/Jun, Vendas no Varejo/Mai, Índice de Compras MBA, Pedidos de Hipotecas MBA, Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA

Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Abr; Balança Comercial/Abr); Alemanha (Índice de Preços por Atacado/Mai); França (IPC/Mai)

Ásia: China (Operações de Liquidez, Dados sobre Empréstimos de médio prazo, Preços de Imóveis/Mai); Japão (Balança Comercial/Mai)

América Latina: Brasil (IGP-10/Jun)

Bancos centrais: Decisões sobre juros pelo Fed (às 15h, seguida de entrevista do presidente Jerome Powell) e do Banco Central do Brasil (18h). Pronunciamentos da presidente do BCE, Christine Lagarde, e do presidente do Bundesbank, Joachim Nagel.

📌 Para a semana:

Quinta-feira: Decisão sobre juros do Banco da Inglaterra. Nos EUA: Venda de Casas Novas, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego

Sexta-feira: Decisão sobre juros do Banco do Japão. IPC da Zona do Euro. EUA: Índice do Conference Board, Produção Industrial

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe