Salto da inflação pode levar a maior aumento de juros nos EUA em 28 anos

Uma alta de 0,75 pp poderia, no entanto, aumentar a credibilidade ao mostrar que o Fed leva a sério sua luta contra a inflação

El edificio de la Reserva Federal Marriner S. Eccles en Washington, D.C., Estados Unidos, el domingo 22 de mayo de 2022. Fotógrafo: Joshua Roberts/Bloomberg
Por Craig Torres e Molly Smith
14 de Junho, 2022 | 11:47 AM

Bloomberg — Os últimos saltos nos preços ao consumidor e nas expectativas de inflação americana provavelmente levarão os membros do Federal Reserve a considerar o maior aumento da taxa de juros desde 1994 quando se reunirem esta semana. Anteriormente, o presidente do Fed, Jerome Powell, havia sinalizado que um movimento de menor magnitude era o resultado provável.

O Fomc anuncia sua decisão de política monetária na quarta-feira (15), às 15h00. Powell indicou em sua coletiva de imprensa pós-reunião de maio que o Fed avançaria com aumentos de 0,5 ponto percentual em junho e julho, desde que os dados econômicos viessem conforme o esperado. Foi uma orientação inusualmente precisa do presidente do Fed.

Mas nos últimos dias, os números da inflação surpreenderam para cima, levando os investidores a ampliar as apostas em um aumento de 0,75 ponto na reunião desta semana, segundo a precificação dos juros futuros. Essas apostas cresceram na tarde de segunda-feira, com uma reportagem do Wall Street Journal, que sugeriu que um movimento maior agora estava em jogo.

Economistas das principais firmas de Wall Street foram rápidos em mudar suas apostas. Goldman Sachs Group e Nomura Holdings passaram a prever aumentos de 0,75 ponto percentual nesta semana e na reunião do Fed no final de julho. O JPMorgan Chase também mudou estimativa para 0,75 pp na reunião desta semana, juntando-se ao Barclays e Jefferies, que modificaram suas previsões na sexta-feira para um aumento maior.

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Powell e seus colegas, enfrentando duras críticas por serem lentos para remover o estímulo emergencial da pandemia e permitirem que a inflação subisse no ritmo mais rápido em 40 anos, disseram repetidamente que fariam o que fosse necessário para esfriar os preços.

Embora o chefe do Fed tenha estabelecido uma linha de base de aumentos de 0,50 ponto em junho e julho, ele também fez um “hedge” ao dizer que isso dependia da evolução da economia no caminho que as autoridades esperavam.

Na manhã de sexta-feira, os dados mostraram que o índice de preços ao consumidor subiu 8,6% em maio em relação ao ano anterior, nova máxima em 40 anos. Os números superaram todas as estimativas e destacaram um avanço amplo, sinal de que as pressões sobre os preços estão se arraigando na economia.

Mudança tática

Taticamente, um aumento de 0,75 pp seria uma mudança de comunicação para Powell, que tem preferido telegrafar os movimentos antecipadamente e adotar o gradualismo. Essa estratégia permitiu que o Fed adotasse uma política mais rígida, mas deixou que os mercados precificassem o risco de ir mais rápido ou mais devagar à medida que os dados chegavam.

Uma alta de 0,75 pp poderia, no entanto, aumentar a credibilidade ao mostrar que o Fed leva a sério sua luta contra a inflação. Mas também corre o risco de confundir os mercados sobre o que fazer a seguir se os investidores souberem que as autoridades estão dispostas a mudar a estimativa.

“Uma vez que o Fed comece a se mover em 0,75 ponto, seria difícil parar, e a combinação disso e a abordagem baseada em resultados do Fed para a inflação parece que pode ser uma receita para a recessão”, disseram Krishna Guha e Peter Williams, da Evercore ISI, em uma nota aos clientes.

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