Reunião do Copom pode trazer surpresa na decisão, aponta curva de juros

Expectativas de um Fed mais agressivo na política monetária americana e alta do câmbio e do petróleo elevam a pressão sobre o BC brasileiro

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central: Copom anuncia nova taxa de juros nesta quarta-feira (15)
Por Fernando Travaglini - Josue Leonel e Felipe Saturnino
14 de Junho, 2022 | 02:57 PM

Bloomberg Línea — O mercado de juros futuros passou a embutir apostas de uma surpresa hawkish (com uma política mais rigorosa) no Copom desta quarta-feira (15), com a reprecificação externa para um Fed igualmente mais agressivo. Analistas de mercado citam ainda a pressão inflacionária local sobre as taxas domésticas, já que a disparada do câmbio e do preço do petróleo ampliam a defasagem dos preços praticados pela Petrobras (PTR3, PETR4) em relação aos valores no mercado externo.

No início da tarde desta terça-feira (14), a curva doméstica precificava uma alta de 60 pontos base - o equivalente a 0,60 ponto percentual - na reunião de amanhã. Ou seja, cerca de 40% de chance de um aperto de 0,75 ponto percentual da Selic. Para agosto, os contratos indicavam elevação de 40 pontos base, com uma alta marginal em setembro de 22,6 pontos base.

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As opções de Copom negociadas na B3 reforçam essa visão. Desde sexta-feira (10), a aposta majoritária de alta de 0,50 ponto percentual no encontro de amanhã recuou, enquanto ganharam espaço os contratos para aumento de 0,75 ponto percentual -- embora ainda marginais.

O economista-chefe do Modalmais, Felipe Sichel, diz que a elevação das taxas de juros de curto prazo nos Estados Unidos segue como um driver - um fator que impulsiona - dos juros futuros locais e dificulta a atuação do Banco Central. “De toda forma, a máxima de que o BC começou a atuar muito cedo e já subiu de forma considerável os juros segue valendo.”

Preços dos combustíveis

Embora o principal fator de pressão seja externo, os juros futuros sobem também diante da possibilidade de a Petrobras ter que subir os seus preços, diz Jefferson Lima, chefe da mesa de juros da CM Capital. O petróleo opera em alta cerca de 1% nesta terça-feira, acima de US$ 122 o barril.

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A defasagem da gasolina no mercado doméstico chegou a 46%, considerada a alta do dólar e do petróleo até a segunda-feira (13), diz Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra. Segundo ele, a Petrobras deve ter que reajustar os seus preços, mas o efeito para o consumidor pode ser mitigado caso os projetos que limitam a cobrança do ICMS sobre os combustíveis, em análise no Congresso, sejam aprovados.

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