Queda das criptos não é como as outras

Também no Breakfast: Caçadores de barganhas trazem algum alívio ao mercado, mas ‘urso’ ainda ronda; China recua em flexibilização de bloqueios contra covid e Powell deve escolher entre inflação e recessão nos EUA

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Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

Mais um ano, mais um colapso do bitcoin (BTC). Pelo menos é o que parece. Mas se olharmos de perto, desta vez as coisas estão diferentes.

Nesta segunda-feira (13), o bitcoin chegou a cair 17%, alcançando os US$ 22.603 – o patamar mais baixo em cerca de 18 meses –, após a suspensão dos saques por parte da plataforma de empréstimos Celsius. Essa decisão intensificou a aversão ao risco por parte de investidores à medida que os traders aumentam as apostas em um aperto monetário mais agressivo do Federal Reserve, o banco central americano.

🟠 O bitcoin está prestes a ficar abaixo das cotações máximas do pico anterior de seu ciclo de halving. Isso nunca tinha ocorrido e é de suma importância para o mercado de criptoativos.

➡️ Antes de seguir, uma breve explicação sobre o termo halving: a cada quatro anos, aproximadamente, a quantidade de criptomoedas que os mineradores recebem para resolver os problemas algorítmicos que lhes permitem registrar transações no blockchain é reduzida pela metade - daí o nome halving, que vem do inglês half (metade).

Quando isso acontecia, cada pico costumava ficar maior que o último e, quando um novo pico ocorria, os preços nunca mais voltavam para as mínimas. Na prática, isso significa que, por mais que o investidor comprasse o token durante o pico, se esperasse quatro anos, ele ganhava dinheiro. As perdas recentes da criptomoeda podem arranhar a tese de investimento de longo prazo? Leia os detalhes de como essa turbulência afeta a trajetória do bitcoin.

🔻 A sangria não foi só no mundo cripto: os mercados de renda variável também sofreram com a maior aversão ao risco demonstrada pelos investidores na segunda-feira, mirando a Super Quarta, dia decisivo para bancos centrais. Os investidores já tomam posição à espera das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos - e se preparam para o pior.

Na trilha dos Mercados

Após quatro sessões de quedas expressivas e uma jornada tomada pelo pânico ontem, os caçadores de pechinchas ajudam os mercados de renda variável a se recuperarem nos Estados Unidos. Mas com a semana carregada de eventos cruciais, será difícil se afastar do território de baixa: o urso continua à espreita.

📉 A mão pesada do urso. As bolsas americanas entraram ontem no bear market, que simboliza o mercado em baixa nos Estados Unidos. Com a queda de ontem, o S&P 500, principal e mais abrangente índice de ações do mercado, acumula uma desvalorização de 21,83% em relação ao pico mais recente, de 4.796,56 pontos, atingido em 3 de janeiro deste ano.

Já o Nasdaq 100, índice com cem das ações de tecnologia mais negociadas, acumula um declínio de 34,50% desde a máxima de janeiro. Estas baixas superiores a 20% simbolizam uma virada do mercado, afastando por ora - ou reduzindo de forma mais ampla - as chances de recuperação nos preços das ações no curto prazo.

🔥 Fogo até no porto-seguro. Os rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, subiram para os patamares mais elevados em uma década, como reflexo da expectativa de juros mais elevados nos Estados Unidos. Em Wall Street, há quem já espere para amanhã um aumento de 0,75 ponto percentual do juro pelo Fed, em lugar da dose de 0,50 ponto.

🥶 O (alto) preço de esfriar os preços. A persistência da inflação, que segue galgando novos recordes, acende entre os investidores o alerta de que o Fed pode ser mais duro em sua política monetária. Com esta campanha de alta dos juros, o que os bancos centrais querem é esfriar o consumo e, assim, controlar a inflação. Porém, vários dados macroeconômicos - e balanços empresariais - já mostram debilidade e essa combinação de indicadores fracos e juros maiores levam o mercado a temer uma iminente recessão.

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrial (-2,79%), S&P 500 (-3,88%), Nasdaq Composite (-4,68%), Stoxx 600 (-2,41%), Ibovespa (-2,73%)

A aversão ao risco dominou os mercados e ampliou as perdas iniciadas na semana passada, quando os investidores se surpreenderam com as notícias de que a inflação americana atingiu seu nível mais alto desde 1981. Isso reacendeu os temores de que o Fed adote uma postura ainda mais agressiva em sua política monetária, colocando em risco o crescimento econômico. O S&P 500 entrou em território de baixa (bear market) após acumular um declínio de 22% em relação ao seu pico de janeiro. Os prêmios dos títulos do Tesouro de 10 anos subiram para o nível mais alto desde 2011.

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No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Índice de Preços ao Produtor (PPI, às 9h30 de Brasília), Índice NFIB de Otimismo entre Pequenas Empresas/Mai, Índice de Vendas Varejistas - Redbook; Reservas Semanais de Petróleo Bruto API, Relatório Mensal da OPEP

Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Abr; ZEW Indicador de Percepção Econômica/Jun); Alemanha (IPC/Maio, ZEW Indicador de Percepção Econômica/Jun); Reino Unido (Taxa de Desemprego/Maio)

Ásia: Japão (Produção Industrial/Abr, Taxa de Utilização da Capacidade Instalada/Abr); China (Produção Industrial/Mai, Vendas no Varejo/Mai, Investimento Direto Estrangeiro/Maio)

América Latina: Brasil (Crescimento do Setor de Serviços/Abr); Argentina (IPC/Maio)

Bancos centrais: Pronunciamento de Elizabeth McCaul (BCE)

📌 Para a semana:

Quarta-feira: Decisão sobre juros pelo Fed e entrevista do presidente Jerome Powell. Ainda nos EUA: Estoques comerciais, Índice Empire de Atividade Industrial, Vendas no Varejo. China: operações de liquidez, dados sobre empréstimos de médio prazo. Discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde

Quinta-feira: Decisão sobre juros do Banco da Inglaterra. Nos EUA: Venda de Casas Novas, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego

Sexta-feira: Decisão sobre juros do Banco do Japão. IPC da Zona do Euro. EUA: Índice do Conference Board, Produção Industrial

Destaques da Bloomberg Línea

China recua em flexibilização de bloqueios contra covid

Oito em cada dez eleitores de Lula e Bolsonaro já estão decididos, diz pesquisa

Powell deve escolher entre inflação e recessão nos EUA

Bolsonaro nega que tenha pedido ajuda a Biden para reeleição

E mais na versão e-mail do Breakfast:

• Também é importante: • Musk alerta funcionários sobre ‘trimestre bastante difícil’ para Tesla • Bolsonaro: há indícios de que houve ‘maldade’ a desaparecidos na Amazônia • Quais são as apostas do BofA na Bolsa brasileira em cenário de maior incerteza? • Brasil aposta em regulação simplificada para atrair investimentos em metais

• Opinião Bloomberg: Autoridades parecem ter desistido de combater a covid nos EUA

• Pra não ficar de fora: Coldplay lança app que estimula fãs a reduzirem emissões de carbono

⇒ Essa foi uma amostra do Breakfast, que na versão completa inclui muitas outras notícias de destaque do Brasil e do mundo.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe