Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin
São Paulo - Mais um segmento se rendeu ao mercado das criptomoedas: as marcas de luxo ligadas à moda. Na Europa, a alemã Philipp Plein foi pioneira ao passar a aceitar 15 diferentes moedas digitais como forma de pagamento. Em um movimento similar, a italiana Gucci e a suíça Tag Heuer também permitem o uso do Bitcoin por seus clientes.
Essa receptividade às criptomoedas não se limita aos meios de pagamento. Em 2021, a francesa LVMH, a suíça Richemont e a italiana Prada se uniram para criar um consórcio blockchain. A ideia é de que os compradores possam rastrear a procedência dos itens adquiridos, autenticar produtos registrados nessa blockchain e, assim, evitar levar para casa falsificações.
“As marcas de luxo estão explorando o mercado de criptomoedas”, diz Isabela Konstantyner, CEO e responsável pelas áreas de operações, risco e compliance na Komatu. “Acredito que é um movimento natural que veremos com frequência. As criptomoedas tratam de algo que as marcas de luxo prezam muito, que é a autenticidade. O consumidor dessas marcas está buscando algo que seja autêntico”, completa.
Além disso, abrindo espaço para pagamentos, essas marcas se aproximam de um público que, antes, não estava tão conectado às propostas dessas empresas.
“Hoje, as criptomoedas estão consolidadas entre os mais jovens, que mantinham um certo distanciamento das marcas de luxo. A partir do momento em que começam a falar a mesma língua, fica mais fácil criar um vínculo, um relacionamento”, diz Alberto dos Santos Júnior, pesquisador de marketing pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “É a forma de ampliar mercado”.
Rumo aos NFTs
Depois dos pagamentos em criptomoedas e do uso da blockchain, alguns especialistas dizem que as marcas de luxo devem aderir a outro ativo do mercado cripto: os NFTs. Isso porque os tokens não-fungíveis oferecem algo muito valorizado pelo mercado de luxo: a exclusividade. E, assim como os produtos de muitas dessas empresas estão voltados para um público restrito, os NFTs são únicos.
A iniciativa das marcas luxuosas acabou puxando para dentro do mercado cripto outras empresas do segmento da moda. No Brasil, por exemplo, a carioca Reserva aceita as criptomoedas nas compras feitas no e-commerce. “Começa com o de luxo, vai para as lojas tradicionais em shoppings e logo estará nas de Departamento”, diz Santos Júnior.
“Esse movimento do segmento de moda mais caro pode ajudar o mercado cripto a chegar em outras marcas. Considerando que as de luxo são conhecidas pela resistência ao mundo digital, e que, com a popularização do mercado cripto, da blockchain e do metaverso estão repensando esse ambiente, outras tendem a ter outro olhar para esse mercado”, diz Isabela.