Bloomberg Línea — Em seu discurso na abertura da Cúpula das Américas, que acontece em Los Angeles, nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a gestão da política ambiental do governo – sobretudo, na Amazônia, foco de críticas da comunidade internacional – e realizou acenos à sua base doméstica, a menos de quatro meses da eleição.
Amazônia e Agronegócio
“Não precisamos da região amazônica para expandir nosso agronegócio, somente no bioma amazônico 84% da floresta está intacto, abrigando a maior biodiversidade do planeta”, afirmou.
Segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), a Amazônia Legal registrou no primeiro trimestre de 2022 o maior número acumulado de alertas de desmatamento na história do monitoramento feito pela entidade: o total chega a 941,34 km², maior índice desde 2016. Em 2021 foram registrados 573,29 km².
O presidente defendeu o agronegócio brasileiro: “O Brasil alimenta um bilhão de pessoas, garantimos a segurança alimentar de um sexto da população mundial. Uma realidade: sem o nosso agronegócio, parte do mundo passaria fome”, declarou.
“Somos um dos países que mais preserva suas florestas, temos a matriz energética mais limpa e mais diversificada do mundo, mesmo preservando 66% da vegetação nativa e usando apenas 27% para pecuária e agricultura, somos uma potência agrícola”, discursou o presidente.
Desaparecidos
Bolsonaro também mencionou o desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo na região do Vale do Javari (AM) e disse à plateia de chefes de Estado e diplomatas internacionais que a Polícia Federal e o Exército realizam buscas “incansáveis” desde o domingo, quando houve a informação sobre o desaparecimento.
“Desde o primeiro momento, naquele mesmo domingo, nossas Forças Armadas e PF têm se destacado na busca incansável da localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida”, afirmou.
Pauta de costumes
Parte do discurso foi voltado a seus apoiadores domésticos. O presidente se queixou do “ataque claro às liberdades individuais por opinar diferente”, sem explicitar por parte de quem estariam partindo esses ataques, e repetiu alguns de seus motes de campanha.
“Neste ano em que o Brasil comemora duzentos anos de Independência, afirmamos que temos um governo que acredita em Deus, respeita os seus militares, é favorável à vida desde a sua concepção, defende a família e deve lealdade ao seu povo”, disse.
Encontro com Joe Biden
Mais cedo, Bolsonaro esteve numa reunião com Joe Biden – foi a primeira vez que os dois chefes de Estado das duas maiores economias das Américas estiveram juntos. O encontro reservado entre os dois durou 35 minutos e Bolsonaro disse, a jornalistas, que não revelaria o teor da conversa por se tratar de “segredo de Estado”.
Na primeira parte do encontro, cerca de seis minutos e meio acompanhado pelos jornalistas, Bolsonaro voltou a defender eleições “auditáveis”, referindo-se às recorrentes críticas que faz ao sistema eleitoral brasileiro, tratou a questão ambiental e mencionou a relação de 200 anos entre os dois países.
Biden, por sua vez, elogiou o Brasil como um lugar “maravilhoso”, com “democracia vibrante e inclusiva e instituições eleitorais fortes”, deixando implícita a confiança de Washington no processo eleitoral brasileiro.
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