Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin
São Paulo - Juliana Santos, de 22 anos, mora em Cascavel, município do Paraná com 330 mil habitantes.William Fikiner, de 25, reside em Amsterdam, capital da Holanda. Mais de 10 mil quilômetros separam o casal, junto há quase três anos e que teve de conviver com a distância, no início de 2021, depois de William ser transferido pela empresa onde trabalha. Agora, os dois buscam a aproximação no metaverso.
Ainda que se vejam presencialmente a cada 45 dias, com idas e vindas alternadas entre viagens dos dois, o casal fez um acordo. “Quando o William estava indo e eu sabia que não tinha como ir junto, começamos a pensar em maneiras de mantermos o relacionamento”, conta Juliana. “Primeiro, a gente negociou idas e vindas a cada 45 dias. Depois, fizemos um tratado de nos falarmos todos os dias por meio de videochamadas, para nos vermos”.
Tudo começou bem, com Juliana e William gostando da experiência. Só que, à medida que o tempo foi passando, sentiram que precisavam de algo mais. “Foi aí que William, que já usava o metaverso para jogos, sugeriu de nos encontrarmos na Sandbox. Achei estranho, não tinha nada a ver com esse universo, mas agora acho ótimo”, diz Juliana, que trabalha como designer autônoma. “Hoje, não volto atrás. Tenho a sensação de que estamos nos vendo ao vivo, em carne e osso”.
Mas o que tem de diferente? O que deixa tudo mais interessante? “Não sei explicar”, diz ela, aos risos. “Quando eu coloco os óculos de realidade virtual e a gente começa a conversar, mesmo por meio de avatares, entro em outro mundo. Quando a gente conversa via chamada de vídeo, continuo tendo distrações ao redor. Estamos conversando e, ainda assim, mexendo em outras redes, falando com outras pessoas. Aqui é uma conversa”.
Reuniões e jogos
A opção pelo metaverso por Juliana e William mostra como, aos poucos, esse ambiente virtual ganha uso diverso. Assim como já foi o espaço, no Brasil, escolhido para casamento, hoje o uso social se diversifica. O próprio William, após insistência de Juliana, conta que faz até reuniões com amigos no metaverso. “É engraçado que quase ninguém queria”, diz ele, que é programador. “Mas, assim como a Juliana, as pessoas gostaram da experiência”.
Quando alguém pergunta a Sérgio Brizante, de 27 anos, o que faz, responde que sua profissão é gamer. Ele joga profissionalmente o jogo Counter Strike. E, apesar de o jogo de tiro ser o seu ganha-pão, Brizante diz que os jogos de metaverso estão se tornando cada vez mais interessantes. “Antes, um Axie Infinity ou Sunflower Land não tinham potencial de reunir a comunidade gamer. Eram jogos mais para o mercado de cripto, desse nicho”, fala.
Hoje, porém, ele vê um uso cada vez mais frequente deles, inclusive pela comunidade gamer. “Estamos tendo jogos cada vez mais complexos e que atraem várias pessoas, como Fortnite e até o My Neighbor Alice, que é bem mais infantil, mas divertido”, comenta. “Conforme esse mercado vai se tornado mais maduro, vai também ficando mais e mais interessante. O futuro do metaverso está nos jogos e, arrisco dizer, que o futuro dos games também está passando pelo metaverso”.