Inflação em maio vem abaixo do esperado e alivia pressão sobre o Copom

IPCA teve alta de 0,47%, abaixo dos 0,60% esperados por economistas; no acumulado em 12 meses, taxa desacelera para 11,73%

A maior variação no IPCA, a inflação oficial ao consumidor, em maio veio do grupo Vestuário, com alta de 2,11%
09 de Junho, 2022 | 10:10 AM

Bloomberg Línea — Boa notícia para o Banco Central do Brasil. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,47% em maio, após ter alcançado 1,06% em abril, informou nesta quinta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado veio abaixo do esperado por economistas consultados pela Bloomberg, que estimavam alta de 0,60% no mês.

No ano, o indicador acumula alta de 4,78% e, nos últimos 12 meses, de 11,73%, abaixo dos 12,13% observados nos 12 meses até abril. Em maio de 2021, a variação havia sido de 0,83%.

Segundo o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta no último mês. A maior variação veio do grupo Vestuário, com variação de 2,11%. Já o maior impacto (0,30 p.p.) veio do grupo de Transportes (1,34%), que desacelerou em relação à alta de 1,91% do mês anterior. Alimentos e bebidas também desaceleraram, registrando alta de 0,48% em maio, frente a 2,06% em abril.

O único grupo a apresentar queda foi o de Habitação (-1,70%), contribuindo com um impacto de -0,26 p.p. no índice do mês. Segundo o IBGE, a queda deve-se à redução nas contas de energia elétrica, dada a mudança de bandeira tarifária.

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Isso porque vigorava em abril a bandeira “escassez hídrica”, na qual a cada 100 kWh consumidos era cobrada uma taxa extra de R$ 14,20. Essa bandeira, contudo, foi encerrada com a melhora da situação da oferta de energia, passando a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.

Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, o resultado do IPCA de maio corrobora para a leitura de que alguns grupos atingiram em parte certo teto, uma vez que já subiram de maneira relevante - “logo não é razoável supor altas ainda maiores na margem”.

“O resultado de hoje do IPCA sugere fortemente que o Banco Central deve fazer apenas mais uma alta de 50 pontos-base na sua taxa básica, levando a Selic para 13,25% e parando neste patamar”, avalia, em comentário.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimetos, tem visão semelhante. Segundo ele, o IPCA divulgado nesta quinta mostra um alívio na pressão recente para uma postura mais austera da autoridade monetária. “Mas tais perspectivas para a Selic também seguem muito suscetíveis aos projetos em tramitação no Congresso”, diz, em referência, por exemplo, à proposta que pode gerar um gasto adicional de até R$ 50 bilhões neste ano com a desoneração dos preços de combustíveis.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece na próxima semana, nos dias 14 e 15 de junho.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.