Guedes pede a supermercados que segurem preços para ‘ajudar o país’

Ministro pediu a empresários que mantenham a tabela de preços até 2023, sob alegação de que é necessário quebrar a cadeia inflacionária

“Agora é hora de dar freio na alta de preços”, disse o ministro da Economia
09 de Junho, 2022 | 05:26 PM

Bloomberg Línea — No dia em que o principal indicador de inflação do país atingiu alta de 11,37% no acumulado em 12 meses, o ministro da Economia Paulo Guedes pediu que os supermercados ajudem o país.

O chefe da pasta pediu aos supermercados para segurar a tabela de preços até 2023, argumentando que é necessário quebrar a cadeia inflacionária. “Bolsonaro está pedindo uma trégua de preços”, disse Guedes nesta quinta-feira (9), de acordo com a Bloomberg News.

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Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês de maio, que teve alta de 0,47% no período, abaixo dos 0,60% esperados por economistas consultados pela Bloomberg.

No ano, o IPCA acumula alta de 4,78%, e, nos últimos 12 meses, de 11,73%. A inflação está acima de 10% na taxa anual desde o ano passado.

Guedes disse em evento online da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) que governo e supermercados devem estar estar juntos na guerra de preços. “Agora é hora de dar freio na alta de preços”, disse.

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O presidente Jair Bolsonaro, que também participou do evento online, fez um apelo para que o setor reduza a margem de lucro sobre os produtos da cesta básica, conforme reportou a Bloomberg News.

Mercado atento

A inflação global tem sido uma forte preocupação nos principais mercados ao redor do mundo. Por aqui, apesar de o IPCA ter apontado para uma desaceleração na leitura desta quinta, o fator pode não ser tão determinante na decisão de juros do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) da próxima quarta-feira (15). Economistas e gestores têm se dividido sobre o impacto desse alívio no eventual fim do ciclo de aperto monetário.

As taxas básicas de juros estão em 12,75% ao ano.

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Uma parte dos economistas considera que os preços atingiram o pico, já sob efeito da alta da Selic, o que reforça apostas em uma última elevação dos juros. Outros, no entanto, seguem cautelosos com a hipótese de o alívio inflacionário ainda ser pontual, com desaceleração puxada por mudança na bandeira tarifária e alimentos, enquanto as índices subjacentes e núcleos permanecem pressionados.

O relatório Focus, do Banco Central, que voltou a ser divulgado na última segunda-feira (6) de forma parcial, revelou o aumento da expectativa para inflação em 2022 e 2023. Segundo a pesquisa com economistas, que ficou um mês sem ser publicada com a greve dos servidores do BC, a expectativa do IPCA subiu de 7,89% para 8,89% em 2022 e de 4,10% para 4,39% em 2023.

A forte alta dos preços e as perspectivas mais elevadas para a inflação contribuíram para estimativas mais altistas para a taxa Selic em 2023, que subiram de 9,25% para 9,75% ao ano, mostrando que o mercado segue vendo juros mais altos por mais tempo. Já para este ano, ficaram mantidas as projeções de Selic a 13,25% ao ano.

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-- Com informações de Bloomberg News

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