Bloomberg Línea — O Ministério da Saúde já confirma seis casos suspeitos da varíola dos macacos (monkeypox) no país. Na segunda-feira passada (30), um comunicado da pasta apontava dois casos (um no Ceará e outro em Santa Catarina). No mesmo dia, a Secretaria do Rio Grande do Sul já notificava um terceiro caso, que ainda não havia sido reconhecido pelo Ministério.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tuitou, no último sábado (5), que, além dos quatro casos que estavam em investigação, outros dois casos suspeitos foram notificados em Rondônia.
Neste domingo (5), a OMS (Organização Mundial da Saúde) confirmou 780 casos da doença em 27 países fora da África, entre 13 de maio e 2 de junho, com maior incidência no Reino Unido (207), Espanha (156), Portugal (138), Canadá (58) e Alemanha (57). Argentina, Austrália, Marrocos e Emirados Árabes Unidos também já tiveram casos isolados confirmados. Não há registro de mortes atribuídas à enfermidade nesses locais onde ela não é endêmica.
“Ainda não há casos confirmados da doença no Brasil”, escreveu. Segundo Queiroga, os pacientes “seguem isolados e em monitoramento”.
Com a confirmação do caso em Rondônia, a região Norte passa a registrar pela primeira vez um caso suspeito, depois do Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e Nordeste (Ceará).
Há ainda uma confusão sobre o conceito de caso suspeito da doença. Na última segunda-feira, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul só passou a considerar suspeito da varíola do macaco um caso que estava em monitoramento desde o dia 27 de maio, após uma atualização feita pelo Ministério da Saúde. Tratava-se de um residente de Portugal que se encontra em viagem a Porto Alegre.
“O conceito de caso suspeito estabelecido pelo Ministério da Saúde passou por uma atualização nesta segunda-feira, a partir da qual foi possível relacionar esse caso registrado na capital. O homem procurou atendimento médico no último dia 19 e novamente no dia 23 deste mês. Paciente desconhece contato com pessoas em Portugal que sejam confirmadas ou suspeitas para a doença varíola do macaco até o presente momento e relata melhora parcial das queixas citadas com tratamento instituído. Caso segue em monitoramento e acompanhamento clínico na residência de familiares”, informou a secretaria gaúcha, em nota.
Para ser considerado suspeito, o caso precisa ser de um indivíduo que, a partir de 15 de março deste ano, apresente início súbito de febre, adenomegalia (aumento dos linfonodos do pescoço) e erupção cutânea aguda do tipo papulovesicular de progressão uniforme e que apresente um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas: dor nas costas, astenia (perda ou diminuição da força física) e cefaleia (dor de cabeça), explicou o órgão estadual.
“As suspeitas quando identificadas ainda seguem uma investigação no intuito de descartar as doenças que se enquadram como diagnóstico diferencial, como a varicela (catapora), sarampo, dengue, zika, chikungunya, herpes zoster, herpes simples, infecções bacterianas de pele, sífilis, reações alérgicas, entre outras. Os suspeitos tem coletadas amostras de material vesicular (secreção da vesícula), crosta (lesão da pele), sangue, urina e secreções do nariz e boca. O laboratório de referência para o Rio Grande do Sul para a varíola dos macacos (monkeypox) é o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo (SP)”, detalhou a nota.
Varíola dos macacos
Recentemente, casos de infecção do vírus têm sido relatados em Portugal, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos. Até pouco tempo, todos casos fora da África eram casos importados de viajantes recentes à República Democrática do Congo ou à Nigéria. Os casos reportados em maio de 2022 são os primeiros casos autóctones, cuja via de transmissão ainda não se tem estabelecida ao certo.
O Monkeypox virus, embora seja conhecido por causar a “varíola do macaco” ou “varíola símia”, é um vírus que infecta roedores na África, e macacos são provavelmente hospedeiros acidentais, assim como o homem. A infecção possui sintomas bem similares à varíola humana, porém, com baixas taxas de transmissão e de letalidade.
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