Exclusivo: Os planos do Facebook para expandir o metaverso na América Latina

Maxine Williams, VP de diversidade da Meta, disse à Bloomberg Línea que negócios na área podem movimentar US$ 320 bi na região

Executiva afirma que é necessário 'diversidade desde o início para alcançar a diversidade na produção'
Por Mariano Espina (BR)
05 de Junho, 2022 | 01:06 PM

Bloomberg Línea — Maxine Williams é a vice-presidente de Diversidade da Meta (FB), e um de seus principais desafios é que o metaverso proposto pela empresa, dona da plataforma Facebook, seja inclusivo tanto no produto quanto no desenvolvimento. Tanto nos avatares utilizados no metaverso, quanto nos desenvolvedores que trabalham no projeto. Nesse objetivo, a América Latina desempenha um papel fundamental devido à sua diversidade cultural e pelas dificuldades econômicas enfrentadas pela maioria de seus países.

A executiva alerta que a chegada do metaverso na região terá suas dificuldades. E surgem diferentes barreiras: o custo da tecnologia, conectividade e talento, entre outros.

Existem diferentes projetos da Meta na região. A contratação de talentos e também o que é conhecido como Meta New Products Experimentation, ou NPE, que dá às startups latino-americanas a oportunidade de se inscrever para obter capital do braço de investimentos da empresa, o NPE Ignite.

Williams projeta que nesta década o metaverso poderá contribuir com 5% para o PIB da região em 2031. “São US$ 320 bilhões com que vamos contribuir para o PIB da América Latina”, disse em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea.

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An exhibitor demonstrates Emerge Home with a Meta Oculus Quest 2 virtual reality (VR) headset at the NFT LA conference in Los A ngeles, California, U.S., on Thursday, March 31, 2022. NFT LA is an integrated conference experience fused with immersive Metaverse integrations. Photographer: Bing Guan/Bloomberg

A entrevista a seguir foi editada para fins de extensão e clareza.

Bloomberg Línea: Dos diferentes programas de treinamento da Meta, o que você aprendeu sobre a inclusão de tecnologia em uma população com dificuldades econômicas? O que a Meta está fazendo para incentivá-lo a seguir carreira nesse setor?

Maxine Williams: Há dois tipos de oportunidades para pessoas que tradicionalmente não as tinham. E há duas maneiras pelas quais a Meta pode causar impacto: uma é contratando pessoas para que possam construir o que estamos fazendo. Nos últimos anos contratamos 380 pessoas da América Latina. Este ano contratamos pessoas com doutorado em machine learning. São trabalhos tangíveis.

A outra forma é investindo em muitas coisas para ajudar as pessoas a encontrar o lugar para obter esse treinamento e adquirir habilidades para aplicar a esses empregos. Outro ponto, sobre os criadores: não é necessário trabalhar na Meta para ter vantagens econômicas. Se você é um criador e usa certas habilidades, pode criar seu próprio negócio na Meta, onde se beneficiará ao entender essa tecnologia. São US$ 150 milhões globalmente em quatro áreas: educação, desafios, reconhecimento e produção.

BL: Nos últimos anos, a Meta contratou cerca de 380 pessoas na América Latina para trabalhos na área de tecnologia. As dificuldades econômicas e políticas dos diferentes países da região representam um desafio para a Meta na hora de definir os investimentos?

MW: O principal desafio é conseguir talento. Há áreas ou países em que houve mais investimento na educação em ciência da computação e há mais pessoas com habilidades como engenharia. Por exemplo, o Vale do Silício é o que é porque há universidades como Stanford, que investiram em ciência da computação e produziram muitos cientistas da computação, e é por isso que as empresas vêm para cá. Nesse novo mundo, com trabalho remoto, acredito que haverá mais oportunidades para pessoas de diferentes lugares. Ainda é cedo para afirmar, mas acredito que surgirão mais oportunidades.

BL: O acesso à tecnologia proposto pelo Meta será um dos principais desafios para que o metaverso seja verdadeiramente diverso?

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MW: O acesso à tecnologia é definitivamente um fator relevante. O que estamos tentando fazer é torná-lo o mais barato possível. É uma tecnologia que pode ser cara no início, mas é um investimento que pode ser recuperado. É isso que quero que aconteça na América Latina.

Existem diferentes barreiras, uma é o dinheiro. Existem pessoas que já estão gerando lucros com a plataforma que temos agora, ou seja, não é necessário esperar até poder obter um óculos de realidade virtual. A cada chegada em diferentes países, à medida que tivermos mais parceiros, mais investimentos, os custos serão menores. As pessoas poderão participar em diferentes níveis, e isso dependerá de suas habilidades e experiência.

BL: A conectividade na América Latina é outra barreira? Qual é o papel do Meta na melhoria da conectividade para que os países possam acessar o metaverso?

MW: A conexão com a internet é outra das barreiras enfrentadas. É algo em que trabalhamos há muito tempo. Já ajudamos 300 milhões de pessoas em todo o mundo a ter um melhor acesso à internet – e internet de alta qualidade. Estamos trabalhando para superar essas barreiras.

BL: Os óculos de realidade virtual estão na casa dos US$ 400. Com a cotação do dólar, o preço é bem salgado. Qual é o objetivo nesse aspecto?

MW: Estimamos que vai ficar mais barato. A princípio, essas tecnologias – como foi o computador – são caras. Mas estimamos que à medida que o desenvolvimento avance e haja mais produção, ela se tornará mais acessível. É necessário ver quantas pessoas e empresas estão envolvidas; quando houver toda uma economia em torno desse projeto, vai ficar mais barato.

BL: Qual o impacto econômico das políticas de diversidade da Meta e quais projeções a empresa tem para a região?

MW: O metaverso poderá contribuir com 5% do PIB da região até 2031. São US$ 320.000 milhões que contribuiremos para o PIB da América Latina. Isso é muito. Não acreditamos que isso seja possível se não houver diversidade na construção desse projeto, na criação e no conteúdo produzido. Diversidade desde o início para alcançar a diversidade na produção. Então o impacto será positivo se houver diversidade na construção do metaverso. Vemos um enorme potencial se tivermos mais diversidade na criação.

BL: A principal barreira para a inclusão no metaverso é o acesso à tecnologia, ou existem outras?

MW: Primeiro a exposição e que as pessoas entendam quais são as oportunidades oferecidas pelo metaverso. Então, o acesso. Uma vez que conhecem o produto e reconhecem as oportunidades, como se envolvem? O acesso inclui economia, mas também habilidades. Neste último estamos investindo em tutoriais sobre como aproveitar o metaverso.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

Correção: A matéria foi alterada para esclarecer que o valor de US$ 320 bilhões até 2031 se refere à estimativa do volume que o metaverso pode movimentar, e não ao investimento em si da Meta.

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Mariano Espina

Mariano Espina (BR)

Jornalista argentino com especialização em política. Anteriormente, trabalhou nas redações do jornal El Economista e do portal Data Clave. Graduado em jornalismo pela Universidade de El Salvador.