Por Matheus Mans para Mercado Bitcoin
São Paulo - Hoje, a privacidade está entre as maiores preocupações de quem navega nas redes sociais. Isso porque nem sempre é possível o usuário ter total controle sobre informações que deixa nesse ambiente. O que permite o rastreamento e acesso a elas, seja por empresas que queiram conhecer o consumidor para efeito de ações de marketing, seja por malfeitores. O receio agora cresce com a expansão do metaverso: como garantir a segurança dos usuários?
“O metaverso se situa entre as realidades virtual e aumentada, criando uma realidade mista. Para colocar em prática, você terá de instalar sensores do Facebook em sua casa. Esses sistemas de realidade mista também costumam ter outros, de rastreamento de olhos, rosto, corpo e mão. Em alguns casos, pode até seguir ondas cerebrais. Portanto, para usar todos os recursos do metaverso, você terá de passar por um nível sem precedentes de rastreamento e vigilância”, diz Daniel Markuson, especialista em privacidade digital da NordVPN, empresa de soluções de privacidade, segurança e rede privada virtual (VPN).
Assim como a internet abriga diferentes sites, o metaverso também deve apresentar uma diversidade de plataformas. Atualmente, Microsoft e Facebook são as principais companhias de tecnologia a desenvolver aplicações de metaverso. Especialistas divergem quanto ao que pode acontecer dentro dos sistemas dessas duas gigantes, já que haverá grandes investimentos, mas com histórico ruim.
“O Facebook não é conhecido por lidar com responsabilidade com os dados de seus usuários, portanto, há grande chance de que eles sejam envolvidos em outro vazamento ou violação”, arrisca Markuson. “A plataforma trará ainda mais formas de o Facebook coletar informações e ganhar mais controle sobre nossas atividades. Isso é exemplificado pelo conceito de colocar sensores nas casas das pessoas e rastreá-las. Com isso, golpistas podem interceptar o metaverso, hackeando os avatares dos usuários ou criar cópias, permitindo a extração de dados confidenciais”, explica.
Como garantir a segurança no metaverso?
Angelo Zanini, coordenador do curso de Ciência da Computação do Instituto Mauá de Tecnologia, segue outra linha de raciocínio. Ele acredita que as empresas investirão volume significativo de dinheiro para evitar qualquer problema relacionado à invasão de privacidade. No entanto, ressalta que será um ambiente visado. “À medida que ganhar mais visibilidade, esse ambiente será bastante atacado por hackers”, afirma. “Haverá uma monetização nele para compras e transações financeiras, atraindo esse tipo de ataque”.
Contra essas possibilidades, alguns especialistas dizem que só o tempo mostrará o que precisa ser feito para elevar a segurança. No entanto, já é possível vislumbrar níveis de exposição. “Ser anônimo nesse ambiente limitará muito o acesso às informações do usuário. Porém, certamente cada um poderá configurar o nível de exposição das suas informações pessoais e de estabelecer ou cancelar suas conexões com pessoas nesse ambiente virtual”, diz Zanini.
Proteção ao metaverso
Além disso, assim como existe hoje uma Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil e com formatos similares ao redor do mundo, espera-se que governos mirem o metaverso com esse mesmo propósito.
“Hoje, não existe praticamente nada que olhe para ambientes virtuais de imersão. Temos uma legislação de dados, mas nada para esse mercado. Assim como temos de entender como trabalhamos com criptomoedas, as empresas terão de compreender como lidar com o ambiente virtual, de imersão”, diz Alexandre Slivnik, diretor executivo do Institute for Business Excellence e professor convidado do MBA de Gestão Empresarial da FIA/USP. “Os principais países e governos, em algum momento, terão de olhar com mais atenção para o que precisa ser monitorado e legislado nessa nova realidade”.