Bloomberg — Uma nova pesquisa da Gallup constatou o maior número já registrado de americanos que apoiam o direito dos casais do mesmo sexo de se casar.
Em uma pesquisa com cerca de mil adultos americanos realizada no mês passado, 71% dos entrevistados disseram apoiar o direito legal ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, batendo o recorde do ano passado em um ponto percentual. Os resultados representam um aumento em comparação com os 42% de 2004, quando o estado de Massachusetts legalizou pela primeira vez o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O índice bateu os 58% em 2015, logo depois da decisão da Suprema Corte sobre um caso histórico que afirmou o casamento entre pessoas do mesmo sexo sob a 14ª emenda à constituição dos Estados Unidos, que estabelece que o governo não deve privar cidadãos de direitos e benefícios.
Embora apenas 40% das pessoas que afirmavam frequentar a igreja semanalmente disseram apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, 70% dos entrevistados que disseram frequentar a igreja quase semanalmente ou pelo menos mensalmente declararam apoio. Cerca de 82% das pessoas que nunca frequentam a igreja afirmaram apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, de acordo com as tendências analisadas pela Gallup desde 2004.
O casamento entre pessoas do mesmo sexo e o aborto estão entre as questões apoiadas pela maioria de americanos – mas não necessariamente pelos legisladores. As autoridades estaduais e locais intensificaram os esforços legislativos visando as pessoas LGBTQ, principalmente transgêneros. No ano passado, o país teve o maior número de leis contrárias à população LGBTQ promulgadas em nível estadual na história recente, de acordo com a Campanha de Direitos Humanos.
A União Americana de Liberdades Civis compilou uma lista de mais de 300 projetos de lei que recentemente introduzidos ou trazidos de sessões do ano passado. Esses projetos incluem tentativas de limitar ou bloquear os cuidados com crianças transgêneros, que os especialistas médicos dizem salvar vidas, assim como restrições que refletem a chamada lei “Don’t Say Gay” na Flórida.
O amplo apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo também ocorre em um momento em que os EUA aguardam a decisão da Suprema Corte em um caso que envolve aborto. Se o caso Roe vs. Wade for revogado, será o fim do direito ao aborto. Com o fim desse direito, os tribunais também podem visar outras proteções fundamentadas em um direito constitucional à privacidade. Ao discordar da decisão do caso de 2015, o juiz Samuel Alito disse que “é indiscutível que o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo não está entre” os direitos enraizados na tradição americana.
“As decisões sobre casos de casamento entre pessoas do mesmo sexo e aborto são marcantes por um motivo: elas garantem liberdades e proteções e são totalmente apoiadas pela ampla maioria de americanos”, disse Sarah Kate Ellis, CEO da GLAAD, em uma declaração. “O Congresso e a Suprema Corte devem agir para refletir a vontade do povo e codificar proteções contra a discriminação.”
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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