Bloomberg — A economia brasileira registrou um crescimento menor que o esperado no primeiro trimestre, representando outro revés para o presidente Jair Bolsonaro enquanto se prepara para candidatura à reeleição.
O produto interno bruto (PIB) cresceu 1% no período de janeiro a março em relação ao trimestre anterior, de acordo com divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta (2). A expansão ficou aquém da mediana de 1,2% prevista em pesquisa Bloomberg. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a economia cresceu 1,7%.
O primeiro trimestre provavelmente foi um marco para o crescimento deste ano, antes do que se espera ser uma eleição contundente entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. O acesso ampliado a vacinas contra a covid-19 e a ajuda do governo aos pobres garantiram a demanda no setor de comércio e serviços. Ainda assim, a inflação de dois dígitos e os custos de empréstimos estão prejudicando as perspectivas para a maior economia da América Latina.
Enquanto o início do ano foi marcado pela onda da variante ômicron do coronavírus que prejudicou os negócios, os serviços ainda lideraram a lista com crescimento de 1%. A agropecuária encolheu 0,9% e os investimentos caíram 3,5%, conforme divulgação do IBGE.
O Brasil tem visto uma série de indicadores melhores do que o esperado nos últimos meses, como varejo e emprego, levando muitos economistas a elevar suas projeções de PIB para o final do ano. Formuladores de políticas dizem que os dados são uma evidência de que a tendência deve se manter.
“O Brasil é um dos únicos casos em que as previsões de crescimento aumentaram para 2022″, disse o presidente do banco central, Roberto Campos Neto, a parlamentares no início desta semana.
Analistas alertam, no entanto, que a população está perdendo rapidamente seu poder de compra à medida que a invasão da Ucrânia pela Rússia impulsiona os preços ao consumidor para quase uma alta de duas décadas. O Banco Central está estendendo um ciclo de aperto que já elevou a Selic em 10,75 pontos percentuais em pouco mais de um ano.
Enquanto isso, Bolsonaro, que está atrás nas pesquisas, está pressionando o Congresso para ajudar a aliviar a dor da inflação, buscando aprovar meios para limitar os impostos locais sobre os combustíveis.
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