Alívio nos custos de energia: Opep+ concorda em aumentar produção em 50%

Fornecimento de petróleo deve subir dos atuais 432 mil barris por dia para 648 mil em julho e agosto, o que tende a reduzir pressão sobre os preços

Entidade que controla a maior parte da produção global da commodity atende a pressão de países consumidores como os Estados Unidos
Por Salma El Wardany - Ben Bartenstein e Grant Smith
02 de Junho, 2022 | 01:19 PM

Bloomberg — A Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) aumentará em 50% a oferta de petróleo para o mercado global, cedendo à pressão de grandes países consumidores, em especial os Estados Unidos, para ajudar a aliviar o impacto sobre os preços de energia.

Nesta quinta-feira (2), as autoridades da entidade concordaram que o grupo deve fornecer 648 mil barris de petróleo por dia no mercado em julho e agosto – uma alta expressiva em comparação aos 432 mil barris por dia nos últimos meses, segundo os representantes, que pediram anonimato porque as discussões são privadas.

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O aumento seria dividido proporcionalmente entre os membros da maneira usual, segundo as fontes. Países que não conseguiram ampliar a produção, como Angola, Nigéria e, mais recentemente a Rússia, ainda teriam de produzir uma cota mais elevada. Isso poderia significar que o aumento de oferta na prática é menor que o número oficial, como tem ocorrido com frequência nos últimos meses.

O contrato do petróleo do tipo WTI chegou a operar com perdas em Nova York pela manhã, mas passou a subir e estava com alta aproximada de 1% por volta das 13h de Brasília.

O aumento da produção significa uma grande reestruturação para a Opep+. O grupo, liderado pela Arábia Saudita, tem se agarrado com afinco a seu plano de aumento gradual do fornecimento mensal de petróleo mesmo após a invasão da Ucrânia pela Rússia – um membro essencial do grupo –, fato que agitou os mercados globais e elevou com força os preços de energia. O cartel vem evitando discutir a crise na maioria das reuniões, dizendo que é uma questão de política, não de mercados.

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Os aumentos adicionais de oferta da Opep+ provavelmente viriam de alguns poucos países. Somente a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos têm volumes significativos de capacidade ociosa que poderiam ser acionados rapidamente. Muitos outros membros vêm sofrendo para bater suas metas de produção há meses.

A produção da Rússia caiu significativamente desde a invasão na Ucrânia com base em uma combinação de sanções econômicas, dificuldades de remessa de dinheiro e rejeição por parte de alguns clientes tradicionais. Sua produção ficou 1,3 milhão de barris por dia abaixo de sua meta da Opep+ em abril, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

A pressão política da Casa Branca pode ter provocado a mudança política dos sauditas. O ministro das Relações Exteriores do país árabe disse na semana passada que não havia mais nada que pudesse fazer para domar os mercados e até mesmo sugeriu que não havia escassez de petróleo bruto.

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“Embora inicialmente pensássemos que essa mudança provavelmente coincidiria com a reunião entre o presidente [Joe] Biden e o príncipe Mohammed bin Salman, agora acreditamos que a expiração do acordo da Opep+ poderia ocorrer possivelmente na reunião ministerial de amanhã [hoje]”, disseram estrategistas do RBC, incluindo Helima Croft, em uma nota no final da quarta-feira (1).

--Com a colaboração de Fiona MacDonald.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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