Bloomberg — A Blackstone (BX) está testando uma nova forma de captar recursos de europeus abastados. Se der certo, a gigante global em private equity, com US$ 230 bilhões em ativos sob gestão, deve atrair bilhões de dólares para o mercado de rápido crescimento - e risco mais elevado - de crédito privado.
Na semana passada, os órgãos reguladores aprovaram a solicitação da Blackstone para iniciar um fundo de crédito privado na Europa com uma estrutura semelhante a um fundo mútuo aberto. A principal diferença é que ele pode ser executado na perpetuidade, diferentemente dos fundos de crédito privados tradicionais, que possuem vida útil fixa.
Para a Blackstone, isso significa que o dinheiro pode ser reciclado e se tornar novos investimentos conforme os empréstimos forem pagos, com um fluxo constante de taxas para os gestores.
“É o momento para pessoas físicas acessarem o mercado”, disse Daniel Roddick, fundador da Ely Place Partners, que assessora gestores de fundos alternativos. “Há muita demanda por crédito.”
O fundo da Blackstone será o primeiro do tipo na Europa, onde os empréstimos diretos dispararam em uma indústria de US$ 300 bilhões em poucos anos, e representará uma mudança na forma como os fundos são tradicionalmente estruturados. Normalmente, os credores não bancários administram fundos fechados por um número definido de anos, e as taxas são pagas apenas sobre o capital investido.
Do ponto de vista de um gestor de carteira, é um sistema trabalhoso e ineficiente. Essencialmente, os ganhos são reduzidos conforme um fundo aumenta e diminui.
Com o novo fundo, que será regulado como um SICAV (tipo de empresa de investimentos comum na Europa) e terá sede em Luxemburgo, a Blackstone busca replicar seu sucesso quando conquistou clientes de alta renda nos Estados Unidos. O fundo Blackstone Private Credit foi aberto a investidores americanos em 2021 e chegou a US$ 37,8 bilhões em patrimônio.
Na Ásia, a Blackstone também está acelerando o crescimento. A gestora de ativos alternativos pretende aumentar seus negócios de crédito privado na região Ásia-Pacífico para pelo menos US$ 5 bilhões no “curto prazo” – um aumento quando comparado aos US$ 500 milhões comprometidos no quarto trimestre.
Por outro lado, ao vender produtos de crédito privado mais arriscados a pessoas físicas, em vez de instituições, a Blackstone pode atrair mais escrutínio dos reguladores. O Bank for International Settlements (BIS, conhecido como o banco central dos bancos centrais) alertou que os credores não bancários poderão ter de ser regulamentados no futuro.
“O aspecto da liquidez – a rapidez com que um investidor pode ter retorno de capital – é fundamental”, disse Roddick. “Os órgãos reguladores tendem a ser reativos aos mercados e, portanto, os regulamentos geralmente ficam atrasados ante novos acontecimentos. Será interessante ver como responderão ao recente e enorme crescimento na democratização dos mercados privados.”
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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