Bloomberg — O debate do Banco Central Europeu sobre o quanto apertar a política monetária deve se intensificar esta semana antes de um período de silêncio pré-decisão, com expectativas de um novo recorde para a inflação.
Todos menos um economista consultado pela Bloomberg preveem uma aceleração na alta anual de preços na zona do euro, com a estimativa mediana em 7,8%.
Esses dados surgirão no contexto de uma vigorosa discussão pública sobre as taxas de juros entre dirigentes do BCE, cuja janela para falar antes da decisão de 9 de junho será encerrada na quinta-feira.
Enquanto isso, nos bastidores, as conversas entre funcionários em Frankfurt e nos bancos centrais da zona do euro também vão se acelerar à medida que eles finalizam as previsões cruciais para a presidente Christine Lagarde revelar na semana seguinte, junto com o aperto planejado até setembro.
Tudo isso será fundamental para as autoridades discutirem o quão rápido e até que ponto as taxas aumentarão. O governador do banco central holandês Klaas Knot, que não descarta um aumento agressivo de meio ponto percentual como o do Federal Reserve, aponta a inflação e os indicadores subjacentes associados como dados-chave a serem observados.
“Esses novos números são extremamente importantes para determinar a velocidade com que os aumentos das taxas precisarão acontecer”, disse Giorgio di Giorgio, professor da universidade Luiss, em Roma, em entrevista à Bloomberg News. “Há um verdadeiro emaranhado de fatores que se juntaram para complicar o quadro, desde a pandemia até gargalos de fornecimento, depois a guerra na Ucrânia, agora a política Covid Zero da China e suas consequências.”
As estatísticas de inflação começaram a sair nesta segunda-feira (30), com Espanha e Alemanha. Na terça-feira, serão divulgados os números da França e Itália, bem como para a Áustria, Portugal, Eslovênia e a zona do euro como um todo.
A chamada medida de núcleo de inflação da região, eliminando elementos voláteis como alimentos e energia, também deve atingir um novo recorde, de 3,6%. Enquanto isso, o aumento mensal de 0,6% nos preços ao consumidor previsto pelos economistas corresponderia ao de abril.
“Mesmo quando os choques de oferta desaparecem, é improvável que a dinâmica desinflacionária da última década retorne”, disse Lagarde na semana passada, apresentando o que autoridades do BCE descrevem como um roteiro para a política monetária. “Como resultado, é apropriado que a política retorne a configurações mais normais.”
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
É hora de comprar ações de siderurgia, diz BBI; confira as preferidas
Bitcoin: pior já passou? Para especialistas, moeda ainda pode cair mais
©2022 Bloomberg L.P.