Bloomberg — A gigante de bebidas latinoamericana Cervecerias Unidas está testemunhando os primeiros sinais de destruição da demanda em meio à inflação mais alta desde a década de 1990.
A CCU, como é conhecida a maior cervejaria do Chile e uma importante fornecedora de bebidas na região, estima que, embora o consumo tenha se mantido razoavelmente bem até agora, provavelmente será moderado nos próximos meses. É um alerta para outras gigantes como a Ambev (ABEV3).
“Espero que no segundo semestre deste ano o consumo seja um pouco mais restrito”, disse Antonio Cruz, chefe de novos negócios e planejamento estratégico, em entrevista em Santiago.
As repercussões das interrupções na cadeia de suprimentos causadas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia atingem produtores e consumidores em todo o mundo. A CCU não é exceção, com os custos subindo “fortemente” neste ano, disse Cruz. A inflação chilena é estimada em 9% neste ano, com o crescimento econômico desacelerando de 12% para 2,1%.
Até agora, as margens da empresa se mantiveram à medida que a companhia se esforça para compensar os custos crescentes de tudo, desde grãos a alumínio e vidro, com maior eficiência. A CCU conseguiu obter todos os insumos de que precisa, embora a preços elevados, disse Cruz.
A onda de inflação não diminuiu o apetite do CCU por crescimento. A empresa controlada pela família mais rica do Chile busca construir sua presença na Argentina, na Bolívia, na Colômbia, no Paraguai e no Uruguai, embora tenha encontrado práticas restritivas em alguns mercados, disse ele.
Autoridades antitruste na Colômbia e no Uruguai emitiram recentemente resoluções contra a cervejaria nº 1 do mundo, a Anheuser-Busch InBev, por suposto abuso de posição dominante em resposta a reclamações da CCU. Nos últimos anos, as duas cervejarias estiveram envolvidas em uma batalha legal na Argentina e no Uruguai.
As atividades da AB InBev foram consideradas lícitas pelo Tribunal Superior colombiano, disse o grupo com sede em Leuven, na Bélgica, acrescentando que sua unidade Bavaria pretende continuar a cooperar com as autoridades.
“Queremos competir em igualdade de condições e é isso que essas práticas excludentes não nos permitem fazer nesses outros países”, disse Cruz. “Nós olhamos para a questão com uma visão de longo prazo. Acreditamos que existem oportunidades. Esses tipos de obstáculos nos travam a curto prazo, mas queremos continuar procurando.”
O objetivo da CCU é crescer mais rápido no exterior do que no Chile.
“Estamos sempre em busca de oportunidades no exterior, mas nossa estratégia é mais continuar consolidando nossa posição nos países onde já estamos”, disse Cruz.
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