Mercados em alta no mundo; inflação nos EUA desacelera em abril

Última sessão antes de feriado americano na segunda-feira indica investidores em busca de barganhas

As variáveis que orientarão os mercados
27 de Maio, 2022 | 10:01 AM

Barcelona, Espanha — Os caçadores de barganhas voltam à cena e ajudam os mercados a romper uma sequência de sete semanas de quedas. Apesar de alguns ativos terem tocado, mais cedo e por alguns instantes, o campo negativo, os mercados de ações avançam tanto na Europa como nos Estados Unidos.

Os contratos sobre índices nos EUA se apoiavam nas perspectivas de que o consumo continue firme no país, apesar das pressões inflacionárias. As ações da Didi Chuxing Inc. saltavam no pré-mercado após uma reportagem da Bloomberg News de que a montadora estatal China FAW Group está considerando adquirir uma participação significativa na empresa de aplicativo de transporte.

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Na Europa, os setores de consumo e tecnologia lideram os ganhos do Stoxx 600, mas as empresas de compartilhamento de serviços públicos e energia ficaram para trás depois que o governo do Reino Unido anunciou, na quinta-feira, planos fiscais para empresas de petróleo e gás. A BP Plc disse que analisará novamente seus planos no país.

As ações de tecnologia chinesas dispararam quando dois dos maiores gigantes da Internet relataram vendas que superaram as estimativas, levantando parte da melancolia que assolou o setor após os lockdowns pelos surtos de Covid-19 e os ventos contrários regulatórios.

O dia promete algo de volatilidade ➡️ Na segunda-feira o mercado norte-americano - NYSE, Nasdaq e os negócios com títulos - fechará por feriado (Memorial Day).

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→ Estes são os fatores que orientarão os mercados nesta sexta-feira:

☝🏼 A agenda de hoje tem um protagonista soberano e indiscutível: o deflator PCE, indicador de inflação utilizado pelo Federal Reserve (Fed) para balizar suas decisões de política monetária. Se as expectativas dos economistas se confirmarem, o índice poderia ceder em abril, de 6,6% para 6,2% na comparação com o mesmo mês de 2021, o que representaria a primeira queda desde o final de 2020. E mais importante: sinalizaria que o pico da inflação ficou para trás. Atualização: o PCE confirmou a expectativa de desaceleração da inflação em abril, avançando 0,2%. Na base anual, ficou em 6,3%.

✍🏼 Qual será o roteiro? Apesar de já estar parcialmente descontado pelos operadores, o deflator PCE será vital para traçar conjecturas sobre os próximos passos do Fed, já que o seu presidente, Jerome Powell, deixou claro que o custo do dinheiro subirá até que haja sinais “claros e evidentes” de que a inflação foi controlada. No cenário atual, o mercado desconta duas altas de 0,5 ponto percentual e, para as reuniões derradeiras de 2022, de 0,25 ponto em cada uma.

😰 Trabalho árduo. Mas domar a persistente inflação é um desafio - e dos grandes. Isso porque não depende somente da demanda interna, que pode ser calibrada com o aumento dos juros. O panorama inclui muitas incertezas: a guerra na Ucrânia encarece a energia e as demais matérias-primas. Ao mesmo tempo, os lockdowns na China elevam os custos para as fábricas e afetam as cadeias de abastecimento. É como um efeito dominó. E para complicar, o mercado de trabalho e o consumo nos EUA continuam fortes, o que pode manter os preços nas alturas.

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*️⃣ Tensões China-EUA. O tema volta à pauta com os comentários do secretário de Estado Antony Blinken direcionados ao presidente chinês Xi Jinping. E em um novo desafio a Pequim, os EUA e Taiwan planejam anunciar negociações para aprofundar os laços econômicos.

⚠️ Sobre a guerra e as finanças russas. Aproximando-se do dia 100 da guerra da Rússia na Ucrânia, os EUA podem anunciar um novo pacote de ajuda para Kyiv já na próxima semana, que incluiria sistemas de foguetes de longo alcance e outras armas. Boris Johnson pediu mais apoio militar à Ucrânia, incluindo o envio de armas mais ofensivas, como Multiple Launch Rocket Systems, que podem atingir alvos muito mais distantes. Os esforços da Rússia para evitar seu primeiro default estrangeiro em um século voltaram ao foco na sexta-feira, quando os investidores devem receber cerca de US$ 100 milhões em juros sobre a dívida russa.

→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: A carne brasileira na mira da Casa Branca

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Um panorama da manhã nos mercados

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (+1,61%), S&P 500 (+1,99%), Nasdaq Composite (+2,68%), Stoxx 600 (+0,78%), Ibovespa (+1,18%)

Os mercados acionários dos EUA continuaram a avançar. Uma perspectiva favorável para o varejo reforçou a confiança na economia, apesar das interrupções na cadeia de fornecimento e das pressões inflacionárias. Em sessões anteriores, as bolsas haviam sucumbido por piores expectativas de receitas de gigantes como Walmart Inc e Target Corp, mas ontem o panorama clareou. Sinais de que o Fed não optará por uma política monetária ainda mais restritiva também tranquilizaram os operadores.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Índice de Preços PCE/1T22; Renda e Gastos Pessoais; Estoques do Atacado; Índice de Confiança do Consumidor - Universidade de Michigan; Expectativas de Inflação Michigan/Mai; Despesas de Consumo Pessoal/PCE - Fed Dallas/Abr; Balança Comercial de Bens/Abr

Europa: Zona do Euro (Massa Monetária - M3/Abr; Empréstimos ao Setor Privado/Abr); Espanha (Vendas no Varejo/Abr)

América Latina: Brasil (Empréstimos Bancários/Mar; Receita Tributária Federal)

Bancos centrais: Discursos de James Bullard (FOMC/Fed) e Philipe Lane (BCE)

📌 E para segunda-feira, 30:

Feriado nos Estados Unidos (Memorial Day)

Europa: Zona do Euro (Confiança do Consumidor e Clima de Negócios/Mai; Expectativas de Inflação ao Consumidor/Mai); Espanha (IPC)

Ásia: Japão (Taxa de Desemprego/Abr; Produção Industrial/Abr)

América Latina: Brasil (Boletim Focus; IGP-M/Mai); México (Balanço Fiscal/Abr)

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.