Trocar liderança da Petrobras não reduzirá preços dos combustíveis, diz Lula

Lula alfinetou Jair Bolsonaro, dizendo que presidente deveria ter coragem para acabar com a dolarização do preço dos combustíveis

Política de preços da Petrobras é um raro ponto de acordo entre Lula e Bolsonaro
Por Simone Preissler Iglesias
24 de Maio, 2022 | 02:35 PM

Bloomberg — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou a política de preços baseada no mercado adotada pela Petrobras (PETR4; PETR3), dizendo que substituir o chefe da estatal não será suficiente para reduzir os custos domésticos de combustível.

Lula, favorito nas pesquisas de intenção de voto, disse nesta terça-feira (24) que o presidente Jair Bolsonaro deve “ter a coragem” de afastar o país dos preços internacionais do petróleo, que a Petrobras segue desde 2016 para determinar os custos internos do combustível. Essa política tornou a empresa extremamente lucrativa novamente, após anos de prejuízos no governo de Dilma Rousseff.

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“Não adianta substituir o chefe da Petrobras, Bolsonaro precisa mudar seu jeito de ser”, disse Lula em entrevista a uma rádio local. “Ele poderia convocar uma reunião do conselho de política energética, trazer a Petrobras e decidir que os preços não serão mais dolarizados.”

Bolsonaro demitiu o terceiro CEO que nomeou para comandar a Petrobras, aumentando a pressão sobre a empresa para parar de aumentar os preços dos combustíveis, já que a inflação acima de 12% se torna um importante problema para sua campanha à reeleição. Pressionar a Petrobras para absorver preços mais altos do petróleo em vez de repassá-los aos consumidores é um raro ponto de acordo entre Bolsonaro e Lula na disputa pela presidência.

Embora o chefe de gabinete, Ciro Nogueira, tenha descartado as preocupações dos investidores sobre uma intervenção na Petrobras, ele disse que o governo está buscando maneiras de evitar que os custos mais altos do combustível sejam repassados aos consumidores brasileiros.

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Lula também criticou a privatização da distribuição de combustíveis no Brasil, dizendo que isso abriu o mercado para centenas de “empresas que importam gasolina e cobram preços em dólares”.

--Com a colaboração de Isadora Calumby.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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