Soros adverte que ‘a civilização pode não sobreviver’ à guerra de Putin

Bilionário de 91 anos diz que questões fundamentais à sociedade, como o combate às mudanças climáticas, ficaram de lado

George Soros diz que a invasão russa da Ucrânia "abalou a Europa profundamente" e pode levar à próxima guerra mundial
Por Brian Chapatta
24 de Maio, 2022 | 04:03 PM

Bloomberg — O bilionário George Soros alertou que a invasão da Ucrânia pela Rússia abalou a Europa e pode ser o início de outra guerra mundial.

“Outras questões que preocupam toda a humanidade – combater pandemias e mudanças climáticas, evitar guerra nuclear, manter instituições globais – tiveram que ficar em segundo plano nessa luta”, disse Soros, 91, na terça-feira (24) no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. “É por isso que digo que nossa civilização pode não sobreviver.”

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Soros, um sobrevivente do Holocausto nascido na Hungria, concentrou seu discurso na ascensão dos “regimes repressivos” do presidente russo Vladimir Putin e do presidente chinês Xi Jinping, chamando os dois países de “a maior ameaça à sociedade aberta”. Sua organização filantrópica, Open Society Foundations, financia grupos que promovem justiça, democracia, direitos humanos e política progressista.

Os dois líderes cometeram “erros incompreensíveis”, disse Soros. “Putin esperava ser recebido na Ucrânia como um libertador; Xi Jinping está aderindo a uma política Covid Zero que não pode ser sustentada.”

Os bloqueios persistentes na China interromperão as cadeias de suprimentos, o que pode manter a inflação em todo o mundo elevada e criar uma depressão global, disse ele. Ele acrescentou que os erros de Xi podem ter lhe custado um terceiro mandato.

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Críticas anteriores

Soros já usou o palco de Davos para desencadear críticas intensas. Na última reunião, em janeiro de 2020, ele sugeriu sem provas que o Facebook (FB) pode estar conspirando para ajudar a reeleger Donald Trump, que perdeu a presidência dos EUA no final daquele ano.

Em 2019, o ex-gerente de fundos de hedge alertou para o “perigo mortal” do uso da inteligência artificial pela China para reprimir seus cidadãos, um tema que ele abordou novamente em seu discurso na terça-feira.

“A IA é particularmente boa em produzir instrumentos de controle que ajudam regimes repressivos e colocam em risco sociedades abertas”, disse Soros. “A Covid-19 também ajudou a legitimar os instrumentos de controle porque são realmente úteis para lidar com o vírus.”

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Ele também comentou sobre o estado da política europeia. A ex-chanceler alemã Angela Merkel fez do país a economia com melhor desempenho na região, em parte graças a acordos com a Rússia para o gás e a China para as exportações de automóveis, mas agora “há um alto preço a pagar”, disse ele.

“A economia da Alemanha precisa ser reorientada”, disse Soros. “E isso vai levar muito tempo.”

O pacote de medidas REPowerEU da União Europeia, revelado na semana passada, deixará o chanceler Olaf Scholz “particularmente ansioso” por causa dos acordos anteriores de Merkel, disse Soros. Por outro lado, o primeiro-ministro italiano Mario Draghi é “mais corajoso”, embora o país seja quase tão dependente do gás russo.

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Soros fechou seu fundo de hedge em 2011 e converteu a empresa em um family office, investindo apenas em seu próprio nome, de seus familiares e de sua rede de filantropia. Ele tem uma fortuna pessoal de US$ 8,5 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

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