Ibovespa recua com peso de Petrobras e quedas no exterior

Mudanças no comando da petroleira gera desconforto no mercado e preocupação sobre governança

As ações têm ficado voláteis à medida que os investidores avaliam as perspectivas para a política monetária americana
24 de Maio, 2022 | 01:22 PM

Bloomberg Línea — Com mercados globais em queda forte e papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) o Ibovespa (IBOV) opera no vermelho nesta terça-feira. O governo anunciou a troca da presidência da estatal e nomeou Caio Paes de Andrade – a quarta mudança no comando da companhia em pouco mais de um ano - o que gerou preocupações sobre a governança da estatal. Enquanto isso, o dólar oscilava.

A ação preferencial da petroleira caía mais de 4% no início da tarde. Para a Ativa Investimentos, a mudança traz sinais negativos para o mercado, uma vez que simboliza (novamente) o desconforto do acionista majoritário com a forma como a Petrobras vem tocando a sua política de preços. “Ademais, a chegada de Caio poderá significar a aplicação de política de preços de derivados ainda mais espaçada, abrindo espaço para a vigoração mais perene de preços defasados frente aos praticados no mercado internacional”, escreve, em nota.

PUBLICIDADE

Os analistas Junia Gama e Andre Vidal, da XP Investimentos, também veem a notícia como negativa, dado que ‘tal rotatividade não é saudável para nenhuma empresa”. A dupla, contudo, não vê o movimento como uma mudança na política de preços de combustíveis da Petrobras. A casa manteve a recomendação de compra para os papéis da estatal, com preço-alvo de R$ 47,80.

Na agenda doméstica, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, teve alta de 0,59% em maio, acima do esperado pelo mercado. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice acumula alta de 4,93% no ano e de 12,29% em 12 meses.

Confira o desempenho dos mercados nesta terça-feira (24):

PUBLICIDADE
  • Por volta das 13h10 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 0,66%, negociado aos 109.615 pontos
  • O dólar à vista subia 0,27%, a R$ 4,83;
  • Nos EUA, o Dow Jones caía 0,46%, o S&P 500, 1,18%, e o Nasdaq, 2,16%

Contexto externo

Na cena externa, o sentimento é negativo após a Snap (SNAP) apontar para o cenário de alto risco macroeconômico, junto com a divulgação de seus resultados trimestrais. A empresa citou o ambiente desafiador para o setor de tecnologia, marcado pela alta da inflação e dos juros e disse que não deve atingir o resultado previsto para o segundo trimestre.

As ações têm ficado voláteis à medida que os investidores avaliam as perspectivas para a política monetária americana, a inflação e o impacto das rígidas políticas de covid da China na economia global. A ata de quarta-feira (25) da mais recente reunião de definição de juros pelo Fed dará aos mercados uma visão sobre o caminho de aperto do banco central dos EUA.

Na China, um aumento no número de novos casos de covid-19 reacendem o risco de novos lockdowns na região, antes mesmo de a economia reabrir como um todo. Já na Europa, o crescimento dos setores de serviços e industrial desapontou segundo a leitura da prévia do índice PMI de maio.

PUBLICIDADE

Leia também:

Protecionismo alimentar representa risco de inflação

Grandes empresas seguem investindo em startups da América Latina

Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.