Bloomberg — A política de preços da Petrobras (PETR4; PETR3) é protegida por lei e sobreviverá às mudanças “injustificadas” no comando da companhia, disse um membro do conselho de administração.
Marcelo Mesquita, eleito por indicação de acionistas minoritários, vê risco “zero” de mudança na política de preços da estatal para ajudar o governo a combater a inflação crescente.
“A única interferência foi a troca contínua e injustificada de CEOs”, disse Mesquita em entrevista à Bloomberg News. “Infelizmente, o acionista controlador não se importa com a continuidade da empresa.”
Mesquita disse que o estatuto da Petrobras e a legislação brasileira, incluindo a Lei das Estatais, aprovada em 2016, protegem a companhia de intromissões. O estatuto da petroleira exige que o governo compense a produtora de petróleo se for forçada a vender combustível abaixo do valor de mercado.
“Se a Petrobras fosse privatizada não passaria por essa loucura toda”, disse Mesquita.
Intervenção
O governo demitiu José Mauro Coelho do cargo de CEO da Petrobras na noite de segunda-feira (23), após cerca de um mês no cargo. Ele é o terceiro presidente demitido por Jair Bolsonaro.
A alta rotatividade no comando da gigante estatal contribui para o “barulho negativo” em torno das ações e da viabilidade da política de preços da Petrobras, que busca manter os preços no mercado doméstico em linha com os internacionais, escreveram analistas do Goldman Sachs em nota. No curto prazo, no entanto, o estatuto social e a legislação brasileira “reduzem a probabilidade de intervenção governamental nas políticas da empresa”, disseram eles.
Os analistas do Credit Suisse também disseram em nota que não esperam nenhuma mudança significativa na política de preços ou na estratégia geral da estatal no curto prazo. O banco pontua que as trocas recorrentes de CEO “elevam substancialmente a percepção de risco” sobre o investimento na empresa, em especial quando ocorrem após um reajuste nos combustíveis.
As ações preferenciais fecharam em queda de 2,92% em São Paulo, o maior recuo em um mês e com desempenho inferior aos pares globais, o que ajudou a pressionar o Ibovespa (IBOV).
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