Mercado sobe com caça a pechinchas e fala de Biden sobre tarifas a produtos chineses

Na semana, foco se dirige à macro, com destaque para PMIs globais e inflação PCE nos EUA, e também à ata de política monetária do Federal Reserve

As variáveis que orientarão os mercados
23 de Maio, 2022 | 08:42 AM

Barcelona, Espanha — O mercado acionário inicia a segunda-feira com o “modo compra” ativado. Esta manhã, sobem as bolsas europeias e os contratos de índices nos Estados Unidos, impulsionados pelos caçadores de pechinchas e também por um eventual relaxamento na conturbada relação comercial entre EUA e China.

Energia e recursos básicos lideravam os ganhos no índice Stoxx 600 da Europa. O euro subia para seu nível mais alto em quatro semanas e a maioria dos títulos da região pedia prêmios maiores depois que a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, reforçou que é provável que o BCE comece a aumentar as taxas de juros em julho, retirando os juros europeus do terreno negativo.

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Além de esperar que as taxas de juros da Europa deixem de ser negativas até o final de setembro, Lagarde disse que, na sua opinião, a compra de ativos terminará no início do terceiro trimestre. “Isto permitiria um aumento das taxas de juros na reunião de julho, de acordo com nossa orientação futura”, escreveu Lagarde no blog do BCE.

Nos EUA, os títulos do Tesouro pediam prêmios mais elevados, com os investidores debatendo o caminho de aperto monetário do Federal Reserve, que esta semana divulga sua minuta. O petróleo avançava.

🟠 Um importante fator de influência: os comentários de Joe Biden de que ele discutirá com a secretária do Tesouro Janet Yellen, quando ela voltar de sua viagem à Ásia, as tarifas norte-americanas sobre as importações chinesas. O mercado entende que há um sinal de que poderia haver uma reversão de algumas medidas impostas pelo antecessor de Biden, Donald Trump.

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“Os investidores vêem isto como uma possível desescalada da guerra comercial entre as duas superpotências econômicas e isto reavivou o otimismo comercial em direção a ativos mais arriscados”, disse Pierre Veyret, analista técnico da ActivTrades, à Bloomberg.

🙌🏽 Notícia boa da manhã. O índice Ifo de Clima de Negócios na Alemanha surpreendeu positivamente e voltou a mostrar melhora em maio: marcou 93,0, contra uma estimativa de 91,4 dos analistas e uma leitura de 91,9 na pesquisa anterior. Isso sim: apesar de representar o segundo mês seguido de recuperação, continua em zona de desaceleração econômica, onde entrou no mês de março.

A semana dos mercados

Na semana, o foco dos investidores voltará a iluminar a macroeconomia (e seus efeitos sobre os juros). Há indicadores relevantes, com destaque para o deflator do PCE (sexta-feira), indicador de inflação utilizado pelo Federal Reserve (Fed) para balizar suas decisões de política monetária. Também alimenta a expectativa do mercado a divulgação, na quarta-feira, da ata do comitê de mercado aberto do Fed.

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🔮 Ata-oráculo. Os investidores olharão para a minuta de política monetária do Fed como quem olha para um oráculo. Neste documento, querem encontrar qualquer pista que possa indicar se o Fed conseguirá, como espera seu presidente Jerome Powell, fazer uma aterrissagem suave: debelar a espiral inflacionária com mais altas dos juros sem esfriar sobremaneira a economia.

→ Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Tchau covid, olá inflação

⏬ Fronteira perigosa. Enquanto avalia as chances de que a maior economia do mundo entre em recessão, o mercado modula com volatilidade sua aceitação ao risco. Pelo menos foi assim na semana passada, quando a sequência de queda levou as ações norte-americanas a tocar um mercado em baixa (bear market), situação na qual os indicadores acumulam declínio de ao menos 20% desde sua pontuação máxima de fechamento. Na sexta-feira, por exemplo, o S&P 500 terminou com 19% de baixa frente ao pregão de 3 de janeiro, enquanto o Nasdaq recuou mais de uma quarta parte desde os níveis de novembro de 2021.

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Modo de compra ativado nos mercados

🟢 As bolsas na sexta-feira: Dow Jones (+0,03%), S&P 500 (+0,01%), Nasdaq Composite (-0,30%), Stoxx 600 (+0,73%), Ibovespa (+1,39%)

As bolsas de valores dos EUA se recuperaram nas últimas horas de negociação, após um dia de venda maciça que empurrou o S&P 500 para um território de baixa. No final, a tendência se inverteu e impediu que o índice caísse mais de 20% desde a máxima alcançada em janeiro. No entanto, completou sua sétima semana consecutiva de perdas, a pior sequência desde 2001, quando a bolha da internet estourou.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Índice de Atividade Nacional Fed Chicago/Abr

Europa: Encontro do Eurogrupo; Alemanha (Índice Ifo de Clima de Negócios/Mai)

Ásia: Hong Kong (IPC/Abr); Japão (PMI Industrial e de Serviços/Mai)

América Latina: Brasil (Boletim Focus; IBC-Br); Argentina (Balanço Orçamentário/Abr)

Bancos centrais: Relatório Mensal do Banco Central da Alemanha. Discursos de Joachim Nagel (presidente do Bundesbank), Andrew Bailey (presidente do BoE), além de Raphael Bostic e Esther George (Fed).

Balanços: XPeng, Zoom, Comgas, Gerdau, Dasa

📌 Para a semana:

Terça-feira (PMIs Global S&P da Zona Euro; PMIS e Vendas de Casas Novas nos EUA)

Quarta-feira (Ata de Política Monetária do FOMC/Fed; Relatório de Estabilidade Financeira do BCE; Decisão do banco central da Nova Zelândia sobre juros);

Quinta-feira (Decisão sobre juros do banco central da Coreia; Nos EUA: PIB e Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego)

Sexta-feira (Nos EUA: Índice de Preços PCE; Renda e Gastos Pessoais; Estoques do Atacado; Índice de Confiança do Consumidor - Universidade de Michigan)

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.