Impasse na Europa sobre petróleo russo piora com resistência húngara

UE está paralisada há várias semanas devido a uma proposta da Comissão Europeia de eliminar gradualmente o petróleo russo até o início de 2023

Gas natural licuado
Por Alberto Nardelli e John Follain
23 de Maio, 2022 | 03:19 PM

Bloomberg — É cada vez mais improvável que a União Europeia aprove a proibição do petróleo russo quando os líderes do bloco se reunirem na próxima semana, já que a Hungria continua a se opor à medida, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

O primeiro-ministro húngaro Victor Orban havia dito várias semanas antes que seria necessária uma cúpula de líderes europeus para forjar um acordo de embargo de petróleo, mas seu governo sinaliza agora que qualquer progresso provavelmente cairá para o próximo mês, no mínimo, disseram as pessoas, que pediram anonimato.

A UE está paralisada há várias semanas devido a uma proposta da Comissão Europeia de eliminar gradualmente o petróleo russo até o início de 2023 como parte de um sexto pacote de sanções pela invasão da Ucrânia.

Em um esforço para quebrar o impasse, o braço executivo do bloco ofereceu à Hungria e à Eslováquia até o final de 2024 para cumprir a eliminação progressiva, e à República Tcheca até junho do mesmo ano.

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Budapeste indicou que pelo menos 770 milhões de euros (US$ 810 milhões) seriam necessários para renovar sua indústria de petróleo, incluindo investimentos em infraestrutura na Croácia, além de uma quantia não especificada de fundos adicionais para se adaptar a possíveis picos de preço do gás.

A comissão, como parte de uma estratégia mais ampla para livrar a Europa da dependência da energia russa, delineou necessidades de investimento em infraestrutura de até 2 bilhões de euros, mas mesmo esse investimento potencial ainda não resolveu o impasse.

As negociações entre a comissão e a Hungria estão em andamento e ainda podem levar a um avanço antes que os líderes se reúnam para uma cúpula de dois dias em Bruxelas na próxima semana.

“A Hungria e alguns outros países ainda levantaram alguns problemas. Acho que são solucionáveis e espero ter um embargo de petróleo dentro de dias”, disse o ministro da economia da Alemanha, Robert Habeck, em entrevista a Francine Lacqua da Bloomberg Television.

A Hungria voltou a listar suas demandas de petróleo em uma reunião ministerial a portas fechadas em Bruxelas na segunda-feira (23), pedindo soluções primeiro e sanções depois, segundo uma autoridade familiarizada com as discussões. A questão provavelmente ofuscará a cúpula da próxima semana, disse a autoridade.

A posição de Budapeste parece estar endurecendo, não suavizando, disse outra pessoa.

“A posição do governo húngaro é clara”, disse o porta-voz do governo húngaro, Zoltan Kovacs, à Bloomberg.

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A ministra da justiça do país, Judit Varga, disse a repórteres na segunda-feira que a Hungria precisa ver uma estratégia de longo prazo em vigor, que inclua investimentos em terminais e oleodutos em outros países membros.

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