Bloomberg — O presidente americano Joe Biden chegou à Coreia do Sul nesta sexta-feira (20), onde deve visitar um complexo de semicondutores da Samsung, enquanto busca reforçar cadeias de suprimentos que reduzem a dependência da China.
A primeira viagem de Biden à Ásia como presidente, que vai até a próxima terça-feira (24), também inclui o Japão. Ele se reunirá com líderes regionais em uma tentativa de firmar apoio a seus planos de ajudar a Ucrânia a após a invasão da Rússia, e combater as ameaças de segurança representadas pela China e pela Coreia do Norte, que podem realizar seu primeiro teste nuclear desde 2017 com Biden na região.
A viagem de Biden às fábricas da Samsung ressalta seu ênfase em fortalecer as alianças de semicondutores entre os maiores países fabricantes de chips do mundo, numa tentativa de aliviar a escassez que se arrastou pela economia global. O complexo em Pyeongtaek, no sul de Seul, abriga algumas das maiores linhas de produção de chips do mundo além de uma ampla gama de produtos, de chips de memória a chips lógicos para a empresa americana Qualcomm e outras.
A Samsung é responsável por um terço da produção global de chips de memória e controla pouco menos de 20% dos chips terceirizados para clientes de tecnologia. A maior empresa da Coreia do Sul também vem expandindo suas instalações em seu país de origem e nos EUA, para acompanhar a demanda crescente.
O governo Biden tem pressionado o Congresso a aprovar um amplo projeto de lei de concorrência com a China, que inclui US$ 52 bilhões em financiamento para a pesquisa e fabricação doméstica de semicondutores. O presidente inclusive se engajou recentemente a instar pessoalmente o Congresso a agir.
“Passe a maldita conta e envie para mim”, disse Biden no início deste mês. “Se o fizermos, isso ajudará a reduzir os preços, trazer empregos domésticos e impulsionar o retorno da manufatura dos Estados Unidos.”
Enquanto isso, os legisladores ainda precisam resolver as diferenças entre as versões da legislação aprovadas pelo Senado e pela Câmara, um processo que pode levar até o final do verão, que no Hemisfério Norte termina entre outubro e novembro.
A Casa Branca muitas vezes usou a contínua escassez global de semicondutores e seu impacto na inflação como argumentos para a aprovação de programas de subsídios. Mas analistas dizem que a escassez vai durar até 2023, e a oferta doméstica de chips que entrará em operação não aliviaria significativamente a crise atual.
A Samsung anunciou novos planos de investimento nos EUA no final do ano passado. A empresa escolheu o estado do Texas para um projeto de US$ 17 bilhões para a construção de uma fábrica de chips que deve ser iniciada ainda neste ano, com a meta de iniciar as operações no segundo semestre de 2024.
Encontros presenciais
O presidente americano deve conhecer o novo presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol logo após sua chegada. O conservador Yoon, que assumiu o cargo em 10 de maio, apoiou as iniciativas de Biden para fortalecer as cadeia de suprimentos e pretende ingressar em um novo grupo econômico regional que o presidente dos EUA deve apresentar durante sua visita ao Japão.
Os EUA e seus parceiros também iniciarão o Quadro Econômico Indo-Pacífico, como parte dos esforços do governo Biden para conter a influência da China na Ásia, após a retirada dos EUA das negociações sobre o acordo comercial regional da Parceria Transpacífico, ainda sob o comando do ex-presidente Donald Trump.
Mas algumas nações asiáticas estão relutantes em aderir ao quadro econômico porque não têm certeza do que isso significará, disse o embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel.
Alguns detalhes do plano permanecem nebulosos, mas o governo Biden sinalizou que não incluirá tarifas mais baixas ou melhor acesso aos mercados americanos.
Ameaça nuclear?
A Coreia do Norte, que tem o hábito de sincronizar suas provocações com eventos políticos, pode estar se preparando para lançar um míssil balístico intercontinental ou realizar um teste nuclear para coincidir com a viagem de Biden à região, disseram autoridades de segurança dos EUA e da Coreia do Sul nesta semana.
A pressão dos EUA para isolar a Rússia por causa da guerra de Vladimir Putin na Ucrânia, juntamente com a crescente animosidade em relação à China, permitiu ao líder norte-coreano Kim Jong Un fortalecer sua convicção nuclear sem medo de enfrentar mais sanções no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Há poucas chances de que a Rússia ou a China apoiem quaisquer medidas contra a Coreia do Norte, como fizeram em 2017 após uma série de testes de armas que levaram Trump a alertar sobre “fogo e fúria” de Pyongyang.
– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.
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