Casos de covid na China têm tendência de queda, mas lockdowns permanecem

Documentos vistos pela Bloomberg mostram que moradores podem sair duas vezes a cada quatro dias, por no máximo quatro horas por vez

Oscilação no número de casos de covid não mudou a estratégia do governo local de restringir a circulação de pessoas para conter o vírus
Por Bloomberg News
19 de Maio, 2022 | 10:23 AM

Bloomberg — O número de casos de covid na China está diminuindo, mas os lockdowns permanecem no país à medida que novos casos são identificados nas principais cidades chinesas.

Na quarta (19) foram registrados 1.016 casos, abaixo dos 1.227 do dia anterior. As infecções em Xangai, que continua sendo o epicentro do surto, caíram de 855 para 719. Nenhum caso foi encontrado fora da quarentena imposta pelo governo em Xangai pelo quinto dia consecutivo. A província de Sichuan, no sudoeste, registrou 149 casos na quarta-feira (18), abaixo dos 201 registrados anteriormente.

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No entanto, os casos aumentaram em Pequim, com 64 infecções locais até a tarde desta quinta-feira (19), no horário local, em comparação com os 49 casos registrados no dia anterior. A capital bloqueou algumas áreas do distrito de Fengtai, em Pequim, por sete dias, e o governo local vai iniciar três rodadas de testes em massa em quatro diferentes distritos.

Autoridades do distrito de Fangshan, também em Pequim, disseram que vão apertar ainda mais as restrições em cinco universidades, proibindo viagens desnecessárias, enquanto continuam os testes em massa para estudantes e professores, depois de um surto de ômicron em outro campus do distrito.

Na vizinha Tianjin, onde um surto inicial de casos de ômicron em janeiro interrompeu os trabalhos das gigantes automobilísticas Toyota (TM) e Volkswagen, os 13,7 milhões de habitantes da cidade portuária foram instigados a “cessar movimentações” ao longo do fim de semana para outra rodada em massa de testes. Aqueles que não fizerem o teste terão seu código de saúde alterado, de acordo com um comunicado do governo, o que pode dificultar a entrada e a circulação destas pessoas em determinados locais.

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Desafio sem fim

Os surtos contínuos ressaltam os desafios que a China enfrenta ao tentar seguir fielmente sua estratégia de zero covid, bem como o risco sempre presente de interrupções que já cobraram um preço econômico e social enorme ao mundo todo. A abordagem de tolerância zero tem lavado autoridades a adotar medidas de contenção mais severas de forma cada vez mais ampla e frequente, incluindo o fechamento sem precedentes de Xangai, centro financeiro do país.

Muitas restrições permanecem em vigor e grande parte da população da cidade segue presa em suas casas. Os moradores devem apresentar um passe para sair, e só podem sair de bicicleta ou a pé. Os passes são distribuídos a cada residência, permitindo que uma pessoa por família saia durante um horário determinado para fazer compras no supermercado. De acordo com as autorizações vistas pela Bloomberg News, é permitido que os moradores saiam duas vezes nos próximos quatro dias, por no máximo quatro horas por vez.

Cerca de 790 mil pessoas em áreas em quarentena de Xangai ainda estão sob as mais duras restrições que as proíbem de deixar seus apartamentos, disse Zhao Dandan, vice-chefe da Comissão de Saúde da cidade, em uma entrevista coletiva na quarta-feira (18).

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Há também poucos sinais de qualquer reabertura generalizada para as empresas. Muitas empresas em Xangai ainda estão aplicando os sistemas de circuito fechado, onde os funcionários trabalham e moram no local e passam por testes regulares, o que lhes permitiu continuar operando durante os bloqueios.

Em um evidente sinal do preço que as restrições estão cobrando, a gigante de tecnologia Tencent Holdings divulgou na quarta-feira (18) seu crescimento de receita mais lento desde que abriu seu capital em 2004 - consequência das amplas restrições governamentais e bloqueios em todo o país. A quarentena de grande parte de Xangai bloqueou alguns pagamentos e pode reduzir os gastos com publicidade no trimestre atual, disseram eles, reprimindo os negócios da gigante de serviços de internet.

Mas as consequências não se limitam apenas à China. A Cisco Systems chegou a cair até 19% no final das negociações dos EUA após alertar sobre um declínio nas vendas no trimestre atual e reduzir sua previsão anual, culpando interrupções decorrentes de bloqueios chineses e da guerra na Ucrânia.

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– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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